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Provas de uso do fogo por humanos há 50 mil anos desafiam percepções históricas

Um estudo revela que os humanos começaram a utilizar o fogo de forma ampla há 50 mil anos, alterando significativamente o ambiente, muito antes do que se pensava.

há 6 horas
Provas de uso do fogo por humanos há 50 mil anos desafiam percepções históricas

Um novo estudo realizado por investigadores do Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências (IOCAS), em colaboração com especialistas da China, Alemanha e França, vem à tona com revelações surpreendentes sobre o uso do fogo por humanos. Analisando restos vegetais carbonizados encontrados num núcleo de sedimento de 300.000 anos do mar da China Oriental, a pesquisa sugere que a manipulação do fogo começou de forma extensiva há cerca de 50.000 anos.

De acordo com o autor principal do estudo, Zhao Debo, estas descobertas contradizem a crença comum de que o impacto humano sobre o ambiente através do fogo se iniciou apenas no Holocénico. O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), destaca a presença de carbono pirogénico, um resíduo derivado da queima incompleta da vegetação.

A investigação demonstrou um aumento notável da atividade de fogo no leste asiático durante este período, alinhando-se com observações similares de explosão de fogo em outras regiões, como a Europa e o sudeste asiático. Isto sugere uma utilização do fogo a uma escala muito maior a nível continental.

Os paleoantropólogos afirmam que todos os humanos modernos têm origem africana, com o Homo sapiens a emergir há cerca de 300.000 anos. Entre 70.000 e 50.000 anos atrás, as migrações deste grupo por diferentes continentes levaram à substituição de populações humanas mais antigas.

A correlação entre o aumento do uso do fogo e a expansão do Homo sapiens não pode ser ignorada. Este aumento proporcionou melhores condições para a cozedura de alimentos, promovendo a absorção de nutrientes e oferecendo proteção contra predadores em ambientes hostis.

Além disso, a dependência do fogo catalisou avanços culturais e inovações tecnológicas, ao mesmo tempo que teve um impacto profundo nos sistemas naturais e no ciclo do carbono. É plausível que a utilização do fogo tenha começado a moldar ecossistemas e alterar o ciclo global de carbono mesmo antes da Última Idade do Gelo.

Wan Shiming, coautor do estudo, afirma que “durante a Última Idade do Gelo, a utilização do fogo já poderia estar a transformar os ecossistemas e os fluxos de carbono”. Esta pesquisa lança luz sobre as interações complexas entre a atividade humana e as mudanças climáticas ao longo da história.

Se a gestão do fogo já estava a influenciar os níveis de carbono atmosférico há milhares de anos, isso pode οδηgрыe a uma revisão dos modelos climáticos contemporâneos, subestimando a importância das interações homem-ambiente ao longo da história.

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