Antigos embaixadores da UE pedem ações concretas contra Israel
Vinte e dois ex-embaixadores da UE apelam à necessidade de medidas firmes contra Israel devido aos conflitos em Gaza, visando um cessar-fogo duradouro.

Um grupo de vinte e dois ex-embaixadores da União Europeia para o Médio Oriente lançou um apelo à diplomacia europeia, solicitando uma pressão directa sobre Israel em resposta à actual ofensiva em Gaza. Os antigos diplomatas enfatizavam a necessidade de uma “mensagem clara” ao governo israelita, propondo que, para além das palavras, a UE adopte medidas efectivas que mantenham a pressão sobre Israel, especialmente até que o país esteja disposto a optar pela diplomacia em detrimento da violência.
Na sua carta dirigida a figuras-chave da UE, incluindo António Costa, Ursula von der Leyen, Roberta Metsola e Kaja Kallas, os diplomatas sugerem que, caso a suspensão total do acordo de associação seja inviável, haja margem para suspender as partes do acordo que versam sobre preferências comerciais e programas de investigação.
“A inação da UE poderá arruinar ainda mais a sua reputação na região e comprometer a sua posição no cenário internacional, especialmente perante as críticas à sua falta de coerência em relação à invasão russa da Ucrânia", afirmaram os signatários, entre os quais se incluem a cipriota Androulla Kaminara e o britânico Geoffrey Barrett.
Num contexto onde se marcam 21 meses de conflito entre o Hamas e Israel, esforços de negociação liderados por Qatar, Estados Unidos e Egito procuram um cessar-fogo. Recentemente, a UE acordou com Israel a ampliação do apoio humanitário à Faixa de Gaza, permitindo mais pontos de passagem e o envio de camiões com mantimentos para a população afectada.
Na cimeira de Junho, os líderes europeus expressaram a sua preocupação com a “terrível situação humanitária” na região, criticando o número de vítimas civis e os altos níveis de fome resultantes do bloqueio israelita. O Conselho Europeu também abordou as violações de direitos humanos por parte de Israel, preparando-se para discutir as implicações em relação ao acordo de associação em Julho.
Recentemente, o presidente do Conselho Europeu indicou que a UE tem uma série de medidas com “consequências práticas” que pode implementar em resposta aos abusos dos direitos humanos em Gaza. Desde o início do conflito em Outubro de 2023, mais de 57 mil vidas foram perdidas e mais de 120 mil pessoas ficaram feridas, com 470 mil em risco de sofrer fome severa.