Crianças em Moçambique: Emergência Humanitária à Vista
A Unicef revela que 77% das crianças em Moçambique enfrenta pobreza extrema e uma em quatro meninas vive violência física. A organização apela urgente à proteção infantil.

A situação das crianças em Moçambique é alarmante, com 77% a viver em condições de pobreza, enquanto uma em cada quatro meninas sofre violência física antes de completar 18 anos. Esta inquietante realidade foi destacada numa nota do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A Unicef enfatiza a “urgência” de fortalecer e expandir a força de trabalho social, de modo a assegurar a proteção e o bem-estar das crianças no país. É fundamental que haja um esforço concertado para garantir serviços de qualidade prestados por profissionais competentes e bem formados.
A Associação de Assistentes Sociais de Moçambique, com o apoio da Unicef, está empenhada em defender os direitos e interesses dos assistentes sociais, promovendo o seu desenvolvimento profissional.
Recentemente, a Human Rights Watch (HRW) fez um apelo ao Governo moçambicano para que tome medidas urgentemente necessárias para combater o crescente número de raptos de crianças por grupos terroristas na província de Cabo Delgado. Desde 2017, estas crianças têm sido forçadas a participar em trabalhos árduos e até a sofrer actos de violência.
A HRW denunciou que a situação em Cabo Delgado agrava os horrores do conflito em Moçambique. “A Al-Shebab deve proteger as crianças do conflito e libertar imediatamente aquelas que foram sequestradas”, afirmou Ashwanee Budoo-Scholtz, diretora-adjunta para a África da HRW.
De acordo com um relatório do secretário-geral da ONU sobre crianças e conflitos armados, Moçambique registou o segundo maior aumento percentual (525%) de violações graves contra crianças em contextos de violência, ficando somente atrás do Líbano. O estudo reflete um cenário preocupante com 954 violações reportadas que afectaram 507 crianças, incluindo recrutamento forçado por grupos armados e detenções por forças de segurança.
Entre os casos de violação de direitos, foram confirmados 32 homicídios e 12 mutilações de crianças, perpetrados por diversos grupos e forças armadas. O uso de engenhos explosivos resultou em 17 baixas, aumentando a urgência das ações necessárias para proteger a infância em Moçambique.