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"Investir nas comunidades locais é essencial para lidar com a migração irregular"

A diretora da OIM alerta que a repressão nas fronteiras sem apoio à origem da migração pode criar mais instabilidade.

10/07/2025 18:00
"Investir nas comunidades locais é essencial para lidar com a migração irregular"

Amy Pope, à frente da Organização Internacional para as Migrações (OIM), destacou que a mera fiscalização das fronteiras, sem uma abordagem que considere os fatores que levam à migração, poderá agravar a instabilidade nos países de origem dos migrantes.

"Para gerirmos a migração irregular, devemos priorizar o investimento na estabilização das populações dos países de onde provêm os migrantes. Reduzir a ajuda internacional sem alternativas pode forçar mais pessoas a abandonar as suas casas", afirmou Pope em entrevista à agência Associated Press.

Desde que assumiu o cargo em 2023, como a primeira mulher a liderar a OIM, Pope, que anteriormente foi conselheira da Casa Branca para a migração, tem observado com preocupação as recentes mudanças nas políticas migratórias dos países europeus. Muitas nações, incluindo Portugal, têm estado a endurecer a sua abordagem, aumentando o financiamento para deportações e para limitar a viagem de migrantes através de países transitórios.

A Síria foi uma das nações mencionadas por Pope, que enfatizou os perigos de repatriar os sírios de forma apressada, alertando que isso pode resultar num ressurgimento de conflitos e instabilidade. "Se os sírios forem forçados a voltar a casa sem segurança, com as suas comunidades ainda destruídas, a situação poderá degenerar mais rapidamente", comentou.

Pope também sublinhou que as restrições migratórias dos EUA têm repercussões agravantes na América Latina, gerando uma inversão nos fluxos migratórios. "Observamos não só uma diminuição do número de pessoas a chegar à fronteira dos EUA com o México, mas também um aumento de indivíduos a dirigirem-se para sul", acrescentou, referindo a falta de suporte para os países na rota migratória, como Panamá e Costa Rica.

No entanto, a responsável expressou alguma esperança nas políticas italianas, que aliam medidas de controlo rigoroso das fronteiras com a expansão de canais legais para a migração. A Itália planeia conceder quase 500.000 autorizações de trabalho para cidadãos de fora da UE, em parceria com empregadores para identificar as necessidades de mão-de-obra a partir de 2026.

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