Israel solicita reimposição de sanções ao Irão após suspensão da cooperação com a AIEA
O governo israelita apela à França, Reino Unido e Alemanha para reativarem as sanções contra o Irão, após Teerão ter interrompido a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica.

Israel intensificou as suas exigências, hoje, pedindo à França, Reino Unido e Alemanha que reativem as sanções contra o Irão. O apelo surge na sequência da decisão de Teerão de suspender a sua colaboração com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), após uma intervenção militar israelita.
"O momento para ativar o mecanismo 'snapback' é agora", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, através das redes sociais. Ele conclamou os países E3 a "reimpor todas as sanções contra o Irão". Estes países, que incluem a França, a Alemanha e o Reino Unido, são considerados influentes nas questões europeias.
Saar criticou o que chamou de "anúncio escandaloso" por parte do Irão, ao declarar a suspensão da cooperação com a AIEA, considerando-o uma "renúncia total às obrigações nucleares internacionais". Ele insistiu que "a comunidade internacional deve agir de forma urgente e utilizar todos os recursos disponíveis para conter as ambições nucleares iranianas".
Israel, que não é parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear e não é sujeito a inspeções da AIEA, tem apelado a posições mais rigorosas contra Teerão, afirmando que o país tem intenções de desenvolver armas nucleares. Esta acusação, no entanto, é repetidamente negada pelas autoridades iranianas, que alertaram para as possíveis consequências da reimposição das sanções.
A declaração de Saar foi publicada logo após o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, ter assinado a autorização, com o apoio do parlamento, para a suspensão da colaboração com a AIEA. O governo iraniano criticou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, afirmando que ele "obscureceu a verdade" com um "relatório tendencioso" que foi usado pelo grupo E3 e pelos Estados Unidos para aprovar uma resolução que considerava o Irão a violar as suas obrigações nucleares.
No dia seguinte à resolução, Israel lançou uma ofensiva militar contra o Irão, que se retaliou disparando mísseis e drones em direção ao território israelita. Apenas alguns dias depois, o dia 22 de junho assinalou bombardeamentos dos EUA a três instalações nucleares iranianas.
Foi assinado um cessar-fogo a 24 de junho, que, embora tenha sido violado poucas horas depois de entrar em vigor, é considerado ainda ativo. Israel justificou sua ofensiva como uma tentativa de conter o alegado programa de armas nucleares do Irão, coincidentemente realizada dois dias antes de uma nova reunião entre o Irão e os EUA para discutir um potencial acordo sobre o programa nuclear.
Este programa, alvo de um pacto assinado em 2015, viu-se rapidamente ampliado após a saída dos Estados Unidos sob a administração do então presidente Donald Trump, em 2018, que anulou o acordo que incluía extensas inspeções e limitações ao avanço nuclear de Teerão.