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José Sócrates desmente ligações a Ricardo Salgado no tribunal

O ex-primeiro-ministro José Sócrates reafirmou, durante o julgamento da Operação Marquês, que nunca teve proximidade com Ricardo Salgado, contestando as alegações.

08/07/2025 16:50
José Sócrates desmente ligações a Ricardo Salgado no tribunal

Durante a segunda sessão do julgamento relativo à Operação Marquês, realizada hoje, José Sócrates, o antigo primeiro-ministro, recusou categoricamente qualquer ligação próxima ao ex-presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado. Esta declaração foi feita após a análise do caso da OPA da Sonae sobre a PT, onde Sócrates reafirmou que Salgado não teve influência nas decisões do governo socialista.

“Considero esta afirmação uma ofensa que necessito de refutar. Não conhecia o dr. Ricardo Salgado antes de entrar para o Governo, e ele nunca indicou qualquer pessoa para o meu Executivo. Esta é uma mentira”, afirmou Sócrates perante o tribunal liderado pela juíza Susana Seca. Ele recordou que foi António Costa, e não Salgado, quem apresentou Manuel Pinho, ex-ministro, ao seu governo.

O ex-primeiro-ministro também se referiu às escutas telefónicas envolvendo conversas com Salgado, confirmadas pelo tribunal. Foram escutadas cinco comunicações entre ambos, datadas de 2013 e 2014. Sócrates argumentou que essas conversas não indicam uma relação próxima, embora as escutas incluíssem convites para jantares e cumprimentos à família de Salgado, como a sua esposa. A troca de familiaridades, com Salgado a tratar Sócrates por “Zé”, foi minimizada por ele.

“É uma das mais notáveis fabricacões do processo, esta história de proximidade. É inacreditável que uma inverdade como esta tenha circulado durante tanto tempo”, acrescentou.

A sessão também foi marcada por momentos de tensão entre Sócrates e a juíza Susana Seca, que o alertou repetidamente para moderar o tom. “Todos temos o mesmo nível de inteligência, não é necessário insinuar que eu tenho défice cognitivo. O senhor não deve continuar nessa postura e evite expressões irónicas”, advertiu a juíza.

Desentendimentos também surgiram entre Sócrates e os procuradores do Ministério Público, quando o procurador Rui Real frisou que não cabe ao arguido “ditar as regras”. Sócrates, visivelmente irritado, replicou: “Se o senhor procurador deseja intervir, deve pedir autorização à juíza”.

Este julgamento teve início na passada quinta-feira, após onze anos da detenção de Sócrates no aeroporto de Lisboa. O caso envolve um total de 21 arguidos, incluindo o ex-primeiro-ministro, e abrange 117 crimes, como corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. Estão programadas 53 sessões até ao final deste ano, com a promessa de ouvir 225 testemunhas convocadas pelo Ministério Público e cerca de 20 pela defesa de cada arguido.

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