Lamenta-se a Falta de Representação no Funeral de Garcia dos Santos
A Associação 25 de Abril criticou a ausência de representantes governamentais no funeral do general Amadeu Garcia dos Santos, levantando questões sobre os valores democráticos em Portugal.

A Associação 25 de Abril expressou hoje o seu "enorme repúdio" pela falta de representação do Governo e do Parlamento no funeral do general Amadeu Garcia dos Santos, falecido na passada sexta-feira aos 89 anos. O líder da associação, Vasco Lourenço, sublinhou que Garcia dos Santos foi um dos membros de destaque do Movimento das Forças Armadas (MFA), que desempenhou um papel crucial na Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974.
A associação recorda que o MFA foi responsável por trazer a liberdade, a paz e a democracia a Portugal, valores que consideram estar em declínio. "Honra seja feita ao Presidente da República, que prestou as suas condolências e esteve presente no funeral, mas do Governo e da Assembleia da República, o que se viu foi apenas um chefe de gabinete a transmitir condolências à família", lamenta Lourenço.
Os representantes da associação questionam se a sociedade portuguesa ainda vive de acordo com os princípios de liberdade e democracia conquistados há mais de 50 anos, algo que nunca havia ocorrido nos quase 900 anos de história do país. "Dois jovens atletas tiveram cobertura massiva na comunicação social, mas Amadeu Garcia dos Santos teve uma despedida esquecida", criticam.
A falta de cobertura mediática é igualmente abordada, com a associação a lamentar que não houve registo fotográfico ou sonoro do funeral, pondo em causa o compromisso ético das mídias em servir o público de forma justa. Advertem que tal ausência pode sugerir "mudanças preocupantes nas memórias e valores que os militares de Abril defenderam".
Garcia dos Santos, conhecido pelas suas contribuições operacionais para a Revolução dos Cravos, nasceu a 13 de agosto de 1935, em Lisboa, e foi o antigo chefe do Estado-Maior do Exército.