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ONU aprova 130 iniciativas em Sevilha para enfrentar a pobreza global

A conferência da ONU sobre financiamento ao desenvolvimento culminou em Sevilha com um compromisso renovado e um conjunto de 130 iniciativas focadas na erradicação da pobreza na próxima década.

03/07/2025 17:30
ONU aprova 130 iniciativas em Sevilha para enfrentar a pobreza global

A quarta conferência das Nações Unidas sobre o financiamento ao desenvolvimento, realizada em Sevilha, Espanha, chegou ao fim com a aprovação de um documento fundamental para o combate à pobreza a ser implementado na próxima década. Este evento, que ocorre apenas de dez em dez anos, teve lugar num contexto de crescente tensão comercial, cortes significativos na ajuda pública ao desenvolvimento e aumento da dívida nos países mais desfavorecidos, conforme realçou a secretária-geral adjunta da ONU, Amina J. Mohammed, durante a sessão de encerramento.

Amina J. Mohammed alertou para os "danos colaterais" que afetam o apoio ao desenvolvimento devido às novas prioridades nos orçamentos dos países doadores, afirmando que "o apoio ao desenvolvimento já não se pode dar por garantido".

Apesar das circunstâncias desafiantes, a conferência de Sevilha resultou numa forte resposta, com a adoção do "Compromisso de Sevilha", um documento com 68 páginas que reafirma a importância da cooperação multilateral e do compromisso da comunidade internacional em erradicar a pobreza, reavivando a esperança global.

O "Compromisso de Sevilha", assinado por 192 dos 193 países-membros da ONU, tem como foco a mobilização de recursos, tanto públicos como privados, para reduzir o défice orçamental, que as Nações Unidas estimam em mais de quatro biliões de dólares (cerca de 3,4 biliões de euros). Outro objetivo é aliviar o peso das dívidas soberanas que sufocam os orçamentos dos países mais necessitados, permitindo assim investimentos em projetos de desenvolvimento. Por último, o documento procura dar maior voz e protagonismo aos países em desenvolvimento nos processos de cooperação internacional e na estrutura de financiamento global.

Durante os quatro dias do encontro, foram lançadas 130 iniciativas que incluem alianças para a suspensão de dívidas sob certas condições, conversão de dívidas soberanas em projetos sustentáveis e propostas para taxar voos privados e grandes fortunas, com o intuito de gerar recursos financeiros para apoiar o desenvolvimento.

Participaram na conferência delegações de 192 países, com 60 lideradas por chefes de Estado e de Governo, a maior parte deles de nações em desenvolvimento, revelando um desequilíbrio na representação entre doadores e devedores. A vice-secretária-geral adjunta da ONU, ao responder a perguntas dos jornalistas, expressou o desejo por uma maior presença de líderes dos países doadores, embora tenha destacado que a qualidade da representação foi, de modo geral, alta.

Exceção notável na conferência foi a ausência dos EUA, que historicamente lideram como maior doador global, mas que reduziram significativamente as suas contribuições ao desenvolvimento desde que Donald Trump assumiu a presidência. Amina J. Mohammed lamentou esta falha, mas espera uma eventual reentrada dos EUA na cooperação internacional, ressaltando que, apesar dos desafios, a conferência demonstrou que o mundo continua a avançar.

A Conferência de Sevilha foi considerada um marco do multilateralismo, mesmo num cenário geopolítico complexo, recebendo aplausos de vários Estados-membros da ONU e instituições multilaterais. No entanto, diversas ONGs criticaram o "Compromisso de Sevilha" por ser, segundo elas, insuficientemente ambicioso, apontando um boicote por parte das nações mais ricas às medidas efetivas para aliviar o endividamento dos países mais pobres.

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