Perdão presidencial para agressores de estudantes causa controvérsia na Sérvia

O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, decidiu perdoar quatro indivíduos acusados de agredirem um grupo de estudantes em Novi Sad, um incidente ocorrido no final de janeiro que resultou em ferimentos graves, particularmente numa jovem.

A confirmação do perdão veio do Tribunal de Primeira Instância de Novi Sad, que revelou ao jornal Danas que a decisão, comunicada pelo Ministério da Justiça, absolve os suspeitos dos crimes de ofensas corporais graves e comportamento violento. Apesar de não haver condenações anteriores, este gesto poderá pôr fim ao processo criminal contra os envolvidos, que se encontravam em prisão domiciliária.

O ataque, que teve lugar perto da sede do Partido Progressista Sérvio (SNS), visou estudantes que estavam a colar cartazes para convocar protestos contra o governo. Durante a agressão, três estudantes sofreram lesões ligeiras, enquanto uma jovem ficou gravemente ferida, necessitando de cirurgia para tratar uma fratura dupla no maxilar e outros hematomas.

Milovan Vucevic, na altura primeiro-ministro e líder do SNS, lamentou o ataque e renunciou ao cargo no dia seguinte, atribuindo a responsabilidade a ativistas do seu partido. A sua saída permitiu a formação de um novo governo, liderado pelo médico Djuro Macut, que tomou posse em abril.

Recentemente, Vucic desferiu críticas aos estudantes opositores, referindo os agressores como "heróis". O perdão presidencial despertou reações adversas, com o advogado da jovem ferida, Srdjan Hromis, a descrever a decisão como um ataque à independência do poder judicial e como uma ameaça à ordem legal na Sérvia.

Os protestos que têm abalado o país desde a morte de 16 pessoas num colapso em Novembro de uma cobertura na estação de comboios de Novi Sad ganham agora nova dimensão com este episódio, que levanta importantes questões sobre a responsabilização e justiça no país.