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Pesadelos frequentes ligados a um risco elevado de morte prematura

Um estudo revela que adultos que experienciam pesadelos semanalmente têm quase três vezes mais chances de morrer antes dos 75 anos em comparação com os que raramente os têm.

02/07/2025 22:45
Pesadelos frequentes ligados a um risco elevado de morte prematura

Acordar abruptamente de um pesadelo pode provocar uma resposta física intensa, mas as repercussões vão muito além de uma noite inquieta. Um estudo recente indica que indivíduos que sofrem de pesadelos toda a semana apresentam um risco quase três vezes superior de falecer antes dos 75 anos, em comparação com aqueles que têm pesadelos raramente.

Este achado alarmante, que ainda necessita de validação por pares, provém de uma equipe de investigadores que analisou dados de quatro estudos de longa duração realizados nos EUA, envolvendo mais de 4000 adultos com idades entre 26 e 74 anos.

No início do estudo, os participantes foram questionados sobre a frequência com que os pesadelos afetavam o seu sono. Ao longo de 18 anos, os investigadores monitorizaram as taxas de mortalidade entre os participantes, registando 227 óbitos prematuros.

Mesmo após considerar variáveis de risco comuns, como idade, sexo, saúde mental, tabagismo e índice de massa corporal, verificou-se que aqueles assombrados por pesadelos frequentes mantinham um risco elevado de morte precoce, comparável ao de fumadores em situações de risco elevado.

Além disso, a equipa estudou marcadores epigenéticos no ADN, que funcionam como indicadores de envelhecimento biológico. Os resultados revelaram que os indivíduos com pesadelos semanais apresentavam uma idade biológica superior à sua idade cronológica, conforme as três metodologias epigenéticas avaliadas (DunedinPACE, GrimAge e PhenoAge).

O envelhecimento acelerado foi responsável por cerca de 39% da ligação encontrada entre a frequência de pesadelos e a mortalidade precoce, sugerindo que os fatores causadores dos pesadelos também induzem um envelhecimento celular mais rápido.

Mas como é que experiências de terror noturno podem impactar a nossa biologia? Os pesadelos ocorrem durante o sono REM (movimento rápido dos olhos), uma fase em que o cérebro está particularmente ativo enquanto os músculos permanecem paralisados.

A súbita libertação de adrenalina e cortisol, hormonas ligadas à resposta de luta ou fuga, pode ser intensa, comparável a situações vividas sob pressão. Se essa camada de stress se repete noite após noite, os seus efeitos podem persistir durante o dia.

O stress crónico tem um impacto significativo no corpo, provocando inflamações, tensão arterial elevada e acelerando o envelhecimento celular, ao danificar as telómeros que protegem os nossos cromossomas.

Além disso, ser interrompido por pesadelos pode comprometer o sono profundo, uma fase essencial para a regeneração do corpo e a eliminação de toxinas ao nível celular. Assim, o stress contínuo aliado a uma qualidade de sono deficitária pode ser o que contribui para o envelhecimento prematuro.

A manifestação de sonhos perturbadores como prenúncio de problemas de saúde não é uma ideia nova. Estudos anteriormente realizados já mostraram que adultos com pesadelos regulares apresentam um risco aumentado de desenvolver demência e doença de Parkinson anos antes do aparecimento de outros sintomas.

Um crescente número de evidências sugere que as áreas do cérebro relacionadas aos sonhos podem ser afetadas por patologias neurológicas, fazendo dos pesadelos frequentes um possível indicador precoce de problemas cerebrais.

Pesadelos, por sua vez, são mais comuns do que se poderia imaginar: cerca de 5% dos adultos relatam ter pelo menos um pesadelo por semana, enquanto 12,5% experienciam esses sonhos perturbadores mensalmente. As novas descobertas sublinham a necessidade de considerar os pesadelos como um fator relevante em saúde pública.

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