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PKK inicia desarmamento como demonstração de boa vontade para diálogo com a Turquia

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão anunciou que irá desarmar alguns dos seus combatentes, num gesto conciliatório visando melhorar as relações com Ancara.

há 4 horas
PKK inicia desarmamento como demonstração de boa vontade para diálogo com a Turquia

Em uma iniciativa surpreendente, dois altos comandantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado um grupo terrorista pela Turquia, revelaram que alguns dos seus membros começarão a desarmar-se. Este ato é encarado como um "sinal de boa vontade" em direção a um possível diálogo com a Turquia.

Um dos comandantes, que preferiu manter-se anónimo, comunicou à agência de notícias France-Presse (AFP) que vários combatentes comprometidos na luta contra as forças turcas têm a intenção de destruir ou queimar as suas armas numa cerimónia que ocorrerá no norte do Iraque dentro de poucos dias. Este evento contará com a presença de representantes políticos, observadores locais e jornalistas, e poderá suceder entre os dias 3 e 10 de julho, conforme informações da imprensa local.

Nos últimos anos, muitos integrantes do PKK têm-se afastado para as montanhas do norte do Iraque, após décadas de luta. No dia 12 de maio, a organização já havia anunciado a dissolução e o fim de um conflito armado que resultou em mais de 40.000 mortes, em resposta a um apelo do seu líder histórico, Abdullah Ocalan, que se encontra detido na prisão de Imrali, desde 1999.

As expectativas sobre um possível comunicado adicional de Ocalan foram mencionadas por outro comandante do PKK. Por sua vez, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, planeia encontrar-se em breve com uma delegação do Partido para a Igualdade e Democracia do Povo (DEM), que representa os interesses curdos na Turquia e desempenhou um papel significativo na mediação de mensagens entre Ocalan e o governo.

Este gesto de Erdogan segue-se ao anúncio feito a 27 de maio sobre a criação de uma equipa jurídica para a elaboração de uma nova Constituição, numa manobra que alguns analistas e opositores interpretam como uma tentativa de garantir o seu poder perante a impossibilidade de se recandidatar nas próximas eleições. O Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e os seus aliados nacionalistas não têm atualmente a maioria necessária para avançar com uma nova Constituição.

Ainda assim, alguns analistas consideram que este recente esforço do governo para encerrar o conflito com o PKK pode ser uma estratégia para angariar o apoio da facção curda no parlamento.

O exército turco mantém uma forte presença no Curdistão autónomo, no norte do Iraque, onde realiza operações terrestres e aéreas contra o PKK, que se vê forçado a recuar.

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