Polónia condiciona fim de controlos a ação da Alemanha
O ministro do Interior polaco anunciou que os controlos fronteiriços com a Alemanha serão suspensos assim que Berlim o fizer, como parte da estratégia contra a imigração ilegal.

A Polónia reintroduziu, de forma temporária, controlos fronteiriços com a Alemanha e a Lituânia, argumentando que esta é uma medida necessária para combater a imigração ilegal. O ministro do Interior, Tomasz Siemoniak, afirmou que a Polónia suspenderá esses controlos assim que a Alemanha adotar uma abordagem semelhante.
“Se a Alemanha suspender os controlos, também nos moveremos rapidamente”, comentou Siemoniak em entrevista a várias agências de notícias, incluindo a France-Presse (AFP).
O fluxo de migrantes, especialmente oriundos do Médio Oriente, tem exercido pressão sobre a Polónia e os países bálticos, com uma rota que se inicia na Bielorrússia e segue para a Alemanha.
A Varsóvia critica a Alemanha pelo seu tratamento dos migrantes, alegando que Berlim tem devolvido em grande número os migrantes para o território polaco, uma acusação que o governo alemão refuta.
Siemoniak sublinhou que a Polónia é a favor da livre circulação de pessoas no Espaço Schengen, mas reitera a necessidade de reforçar as fronteiras externas da União Europeia, ao invés de reinstaurar controlos entre os Estados-Membros.
O país sublinha a importância da Frontex, a agência europeia para a guarda de fronteiras, que tem sede na Polónia, e manifesta desejo de que a cooperação internacional permita resolver os problemas relacionados com a migração nas fronteiras externas da UE.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, um defensor do liberalismo e da integração europeia, afirmou que os controlos à fronteira são benéficos para a UE na contenção do fluxo migratório da Bielorrússia.
Recentemente, foram criados 52 postos de controlo na fronteira com a Alemanha, sendo 16 permanentes. Com a Lituânia, 12 postos foram instaurados, incluindo dois permanentes até pelo menos 5 de agosto, podendo estes prazos ser estendidos.
Além disso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou o destacamento de cinco mil militares para ajudar nos controlos fronteiriços. Atravessar a fronteira polaca exigirá a apresentação de um documento de identidade ou passaporte, sendo proibida a travessia por trilhos ou caminhos não designados.
Dados da Guarda de Fronteira polaca revelam que entre janeiro e junho deste ano, ocorreram 15.022 tentativas de travessia ilegal na fronteira com a Bielorrússia, resultando em 412 detenções, número que se assemelha ao total de detenções do ano anterior. Também se constatou um aumento significativo no número de tentativas de entrada na Lituânia e Letónia.
Para reforçar a segurança, mais de seis mil militares e quatro mil agentes adicionais foram destacados para a fronteira leste com a Bielorrússia, país acusado pela Polónia de instigar uma crise migratória para desestabilizar a União Europeia.