Santa Maria: 40 milhões em cirurgias adicionais em três anos
A Unidade Local de Saúde de Santa Maria investiu 40 milhões em cirurgias a mais desde 2022, revela o inspetor-geral da saúde, que anuncia auditorias aos hospitais para avaliar a situação.

A ULS de Santa Maria, segundo o inspetor-geral da saúde, Carlos Carapeto, gastou aproximadamente 40 milhões de euros em cirurgias adicionais ao longo de três anos e um trimestre. Este valor foi apresentado durante uma audição na Comissão de Saúde, onde Carapeto foi questionado pela Iniciativa Liberal sobre a produção adicional de cirurgias no serviço de dermatologia.
A discussão incide sobre a utilização do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que, alegadamente, permite que médicos ganhem somas significativas operando pacientes aos sábados. Este cenário levou à abertura de um inquérito disciplinar pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), cujos resultados ainda não são conhecidos.
Simultaneamente, a IGAS iniciou um processo de auditoria direcionado à atividade cirúrgica em todo o Serviço Nacional de Saúde, abrangendo as 39 ULS e os três institutos de oncologia. A recolha de dados de todas as instituições já foi concluída e as auditorias específicas começarão em breve, com foco inicial em dez unidades, incluindo a de Santa Maria.
De acordo com Carlos Carapeto, foram solicitados dados sobre a produção cirúrgica normal e adicional desde janeiro de 2022 até ao final do primeiro trimestre de 2025, de modo a criar uma "imagem abrangente do sistema" e a identificar quais ULS necessitarão de mais atenção.
Além disso, Carapeto mencionou que, desde setembro de 2020, cerca de 200 auditorias foram realizadas, resultando em 1.650 recomendações, das quais uma parte significativa está ligada ao controlo interno das ULS. Ele defendeu a importância de profissionalizar essa auditoria interna, melhorando as capacidades e promovendo uma cultura de avaliação.
Durante as discussões, a deputada da Iniciativa Liberal, Joana Cordeiro, enfatizou que o partido não contesta a eficácia do SIGIC na redução das listas de espera, mas quer esclarecer se o caso de Santa Maria é um exemplo isolado ou um problema que afeta outros hospitais.