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UE critica violência em Belgrado e pede apuração dos fatos

A União Europeia condenou a violência ocorrida em protesto em Belgrado e demandou uma investigação sobre a atuação policial após confrontos entre manifestantes e agentes.

03/07/2025 19:00
UE critica violência em Belgrado e pede apuração dos fatos

A União Europeia (UE) expressou hoje a sua firme condenação aos "atos de ódio e violência" que ocorreram em Belgrado durante um protesto. A delegação da UE na Sérvia apelou a uma "investigação rápida e credível" sobre o comportamento das forças de segurança, numa demonstração de preocupação após os confrontos que aconteceram em uma grande manifestação.

"Estamos a acompanhar de perto a situação. É crucial evitar a escalada das tensões. Repudiamos todos os atos de ódio e violência. O direito à manifestação pacífica, a liberdade de reunião e a liberdade de expressão são essenciais e devem ser garantidos", afirmou a representação europeia nas redes sociais.

A representação da UE lembrou que a manutenção da ordem deve ser feita de forma proporcional, respeitando os direitos fundamentais das pessoas. "Aguardamos uma investigação rápida, transparente e fidedigna sobre as alegações de uso excessivo da força", acrescentou.

No último sábado, um significativo protesto leva à rua cerca de 140.000 cidadãos, mesmo num momento em que o movimento antigovernamental, liderado em grande parte pela comunidade estudantil, parecia perder impulso. Esta manifestação ocorreu pouco tempo após uma tragédia que deixou 16 mortos, resultado do colapso de uma estação ferroviária em Novi Sad, o que gerou amplas críticas à gestão governamental.

Os protestos visam exigir eleições legislativas antecipadas e, após o encerramento do evento, confrontos irromperam, levando a polícia a utilizar gás lacrimogéneo e granadas atordoantes. Por sua vez, alguns manifestantes responderam lançando bombas de fumo.

Os estudantes introduziram uma nova estratégia de protesto, os "bloqueios efémeros". Durante essas ações, grupos de cidadãos barram cruzamentos com caixotes de lixo e saem rapidamente antes da chegada da polícia. Além disso, há cidadãos que atravessam repetidamente passadeiras para paralisar a circulação.

Esses bloqueios resultaram em numerosas detenções em várias cidades, com 70 prisões apenas na capital na noite de quarta para quinta-feira. A UE lembrou que qualquer privação de liberdade deve ser suportada por justificação razoável e proporcionalidade.

Em um curioso desvio, no torneio de Wimbledon, o tenista sérvio Novak Djokovic celebrou sua vitória contra o britânico Daniel Evans com um gesto que simboliza o protesto em seu país, mostrando a ligação da sua fama com os movimentos sociais.

O atual movimento de protesto é considerado o mais significativo desde a ascensão de Aleksandar Vucic à presidência há mais de uma década. O presidente, por sua vez, declarou que não cederá às reivindicações dos manifestantes e não hesitou em ameaçar novas detenções.

Vucic tem dominado os meios de comunicação, aparecendo em 220 ocasiões na televisão nos primeiros seis meses do ano, onde frequentemente critica os manifestantes, a quem classifica como "financiados do exterior" que visam desestabilizar o estado.

A oposição acusa Vucic de adotar medidas cada vez mais autoritárias, restringindo direitos e favorecendo um clima propício à corrupção e ao crime organizado. A Sérvia sigue como candidata à adesão à UE, mesmo com as suas relações fortes com a Rússia e a China.

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