A Oposição Turca Diz Presente em Istambul Enquanto Operação, Via Corruption, Alastra em Izmir
Em Istambul, a oposição turca mobilizou cerca de 10.000 apoiantes para protestar contra a detenção de Ekrem Imamoglu, coincidentemente no dia em que se desencadeou uma grande operação policial em Izmir.

A cidade de Istambul foi palco de uma expressiva manifestação da oposição turca, onde se reuniram cerca de 10.000 apoiantes para recordar os 100 dias de encarceramento do presidente da câmara, Ekrem Imamoglu. Este evento ocorreu em paralelo a uma vasta operação policial em Izmir, um reduto opositor.
Na frente da sede da câmara municipal, o presidente do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), Özgür Özel, afirmou: "Estamos aqui novamente, lutando contra o fascismo e pela liberdade, no lugar onde tudo começou." Özel dirigiu-se ao atual presidente Recep Tayyip Erdogan, assegurando que "vocês vão embora. Ekrem Imamoglu será presidente".
Özel também compartilhou uma mensagem de Imamoglu, detido desde 19 de março sob alegações de corrupção, que este rejeita categoricamente, proclamando que "nenhum poder pode afrontar uma nação que luta pela justiça e liberdade".
Hoje, mais de 120 membros do CHP em Izmir foram detidos, também acusados de corrupção. O vice-presidente do CHP, Murat Bakan, alertou que se está a viver uma situação semelhante à de Istambul, sublinhando que "estas detenções são puramente uma escolha política, não uma questão de necessidade legal".
A prisão de Ekrem Imamoglu, visto como o principal candidato para desafiar Erdogan nas eleições presidenciais de 2028, provocou uma onda de protestos recordando os grandes protestos de Gezi, numa dimensão sem precedentes desde 2013. Nas últimas noites, dezenas de milhares de manifestantes levantaram a voz em várias cidades turcas, culminando em milhares de detenções.
O CHP, um partido fundado por Mustafa Kemal "Atatürk", enfrenta actualmente um processo de fraude que poderá custar a liderança a Özel, evento que muitos acreditam ser uma forma de punir o partido pela sua crescente popularidade e pelos protestos do passado mês de março.
Esse julgamento, que começou na segunda-feira num tribunal em Ancara, foi adiado para 8 de setembro. O comício em Saraçhane finalizou um dia agitado, quando aproximadamente 300 manifestantes criticaram a revista satírica Leman, pela publicação de uma caricatura sobre o profeta Maomé, uma alegação que a equipa editorial rejeita energicamente.
Os manifestantes reunidos próximo da mesquita Taksim denunciavam a caricatura, proferindo: "Leman, seus sacanas, não se esqueçam do Charlie Hebdo", uma alusão direta aos ataques jihadistas contra a publicação francesa em 2015.
O Presidente Erdogan, por sua vez, condenou a caricatura, chamando-a de "provocação vil" e um "crime de ódio", reafirmando que "a falta de respeito pelo nosso Profeta por indivíduos imorais é absolutamente inaceitável".
Quatro colaboradores da revista, incluindo o autor da caricatura, foram detidos sob a acusação de "denegrir abertamente os valores religiosos". O editor chefe, Tuncay Akgun, atualmente fora do país, defendeu que a ilustração não era, de modo algum, uma caricatura do profeta Maomé, esclarecendo que a figura retratada é um muçulmano falecido em Gaza devido a bombardeamentos israelitas.