"Boleias pagas: A solução de transporte que conquistou Maputo"
As "boleias pagas" emergiram durante a pandemia em Maputo e tornaram-se uma alternativa vital de transporte, beneficiando tanto grávidas como profissionais da cidade.

A cidade de Maputo tem assistido a um significativo aumento de soluções de transporte alternativo nos últimos anos, com destaque para as "boleias pagas", uma iniciativa que já ajudou desde grávidas até executivos.
Estas "boleias" surgiram durante o período de restrições associadas à pandemia de covid-19 e, desde então, tornaram-se parte integrante da mobilidade na capital moçambicana. Estacionados em pontos estratégicos da cidade, os motoristas encontram-se prontos para prestar auxílio a quem necessita.
Eugénio Mathe, condutor com cinco anos de experiência, partilhou a sua vivência: "Esta iniciativa faz muita diferença, já socorremos mulheres grávidas e até executivos com horários apertados, quando não havia transportes disponíveis." Mathe utiliza uma Toyota Sienta para transportar passageiros entre a Praça dos Combatentes e a Praça do Destacamento Feminino, percorrendo uma distância de pouco mais de quatro quilómetros por um preço acessível de 15 meticais (0,20 euros).
Mathe e os seus colegas são conhecidos por oferecer tarifas competitivas, especialmente para estudantes da Universidade Eduardo Mondlane, que frequentam a área. Enquanto outras regiões praticam preços superiores, a preocupação com a acessibilidade é uma prioridade para estes motoristas.
Com a crescente demanda, planeia-se a formação de uma associação para regularizar a atividade. No entanto, a relação com as autoridades municipais tem sido tensa, devido ao local onde operam, na avenida Julius Nyerere, uma via considerada protocolar. Mathe comentou sobre a situação: "Estamos apenas a estacionar os carros e a transportar passageiros, mas enfrentamos recuos por parte da polícia." Recentemente, os carros foram bloqueados pela polícia municipal, o que resultou em confrontos.
Dércio Uamusse, outro motorista na mesma área, lamenta a falta de legalização e os custos elevados de manutenção das viaturas. Apesar das dificuldades, ele expressa satisfação pelo trabalho e pelo suporte que oferece a outros, como trabalhadores de hotéis nas proximidades.
A estudante finalista Adélia Tinga elogia a utilidade das "boleias pagas", especialmente numa zona carente de transportes públicos. "Essas boleias ajudam muito, pois aqui não há chapas, e são rápidas", disse ela, destacando o impacto positivo nas suas deslocações diárias.
Da mesma forma, Marnélio Machaieie, um cozinheiro, considera as "boleias pagas" uma solução eficaz. "Mantenho-me a tempo no trabalho graças a este transporte," afirmou, recordando as dificuldades anteriores na utilização de autocarros.
A crise no sector de transportes em Moçambique tem levado os moradores a recorrer a alternativas, como os famosos veículos de caixa aberta 'My Love', onde a proximidade entre os passageiros é inevitável.