Denúncias da Amnistia Internacional: Fome como ferramenta de genocídio em Gaza
A Amnistia Internacional aponta que Israel utiliza a fome em Gaza como arma de guerra, acusando o governo israelita de negligenciar as necessidades humanitárias da população palestiniana.

A Amnistia Internacional revelou, num relatório difundido hoje, que Israel continua a usar a fome como um meio deliberado para perpetrar genocídio contra os palestinianos em Gaza. A secretária-geral da organização, Agnès Callamard, afirmou que, enquanto a atenção global se voltava para os conflitos entre Israel e o Irão, a situação catastrófica em Gaza prosseguia inalterada.
O relatório da ONG destaca que a ajuda humanitária, sob o controle israelita, "é drasticamente insuficiente" para satisfazer as necessidades dos habitantes de Gaza, que enfrentam "bombardeamentos quase diários nos últimos 20 meses". A Amnistia Internacional coletou 17 testemunhos de médicos, pais de crianças desnutridas e palestinianos deslocados, que descrevem um cenário alarmante de fome extrema e desespero.
Esses testemunhos fornecem evidências adicionais do sofrimento causado pelas restrições de Israel à ajuda humanitária, que, segundo a ONG, resulta num esquema militarizado de assistência desumanizante e ineficaz, além de bombardeamentos constantes e destruição de infraestruturas essenciais.
O governo israelita refutou as alegações, com o ministro dos Negócios Estrangeiros a declarar que a Amnistia colaborou com o Hamas, adotando mentiras propagandísticas. O relatório também menciona que, após a implementação de um sistema militarizado de "ajuda" em Gaza pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG), centenas de palestinianos foram mortos ou feridos perto de centros de distribuição ajudados por empresas de segurança privadas.
A ONG enfatizou que Israel tem a responsabilidade legal de assegurar o acesso dos palestinianos a alimentos e medicamentos, e criticou o país por não cumprir as ordens do Tribunal Internacional de Justiça que exigem a facilitação de ajuda humanitária em Gaza. "Isto deve parar. Israel precisa suspender todas as restrições e garantir acesso seguro e digno à assistência humanitária", exigiu Callamard.
O Ministério da Saúde de Gaza, sob controlo do Hamas, indica que mais de 500 palestinianos perderam a vida em ou nas proximidades dos centros de distribuição no último mês. Enquanto isso, Israel rejeita essas acusações, afirmando que seus soldados apenas disparam em legítima defesa e para controlar situações de risco.
Recentemente, o jornal israelita Haaretz divulgou depoimentos de membros das Forças Armadas, confirmando que as tropas foram instruídas a disparar contra os que buscam ajuda perto das zonas de distribuição.