Embaixador do Irão em Portugal irá interrogar Governo sobre atividade militar americana nas Lajes
Majid Tafreshi, embaixador iraniano, vai pedir esclarecimentos ao Governo português sobre o uso da Base das Lajes por aviões dos EUA. Presidente português afirma que não tinha conhecimento de planos para atacar o Irão.

O embaixador do Irão em Portugal, Majid Tafreshi, anunciou que irá interpelar formalmente o Governo português a respeito do uso da Base das Lajes, situada nos Açores, por parte de 12 aviões reabastecedores norte-americanos.
Em entrevista à Renascença, Tafreshi afirmou que não possuía "qualquer informação" sobre esta questão, mas enfatizou a necessidade de esclarecimentos junto do Executivo português. "Não ouvi nada sobre isso. O vosso Governo deveria explicar esta situação e, naturalmente, nós iremos questioná-lo", declarou.
O diplomata salientou ainda que, conforme as normas de responsabilidade estatal, a participação em ações agressivas implica uma responsabilidade sobre as consequências. "Sugiro que ninguém alegue ou participe da agressão. Se não, cada um deve ser responsabilizado pelo que fez, independentemente do abastecimento", acrescentou.
Além disso, o embaixador destacou que os Estados Unidos realizam "bombardeamentos contra instalações nucleares pacíficas" e que pretende também discutir a posição de Portugal sobre esta ação, embora mantenha "boas relações" com o país.
O Ministério da Defesa Nacional confirmou que os Estados Unidos solicitaram autorização para 12 aviões reabastecedores utilizarem a Base das Lajes a 18 de junho, e que o Governo deu a sua aprovação. A tutela, liderada por Nuno Melo, assegurou que "não passam meios de combate norte-americanos pela Base das Lajes há mais de um mês", esclarecendo que as aeronaves presentes são exclusivamente para reabastecimento aéreo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou ter sido "notificado" pelo Executivo sobre o pedido norte-americano, mas garantiu que Portugal não estava ciente de planos para um ataque ao Irão. Apesar da notificação, o Presidente deixou claro que "não houve conhecimento" sobre tais intenções dos EUA.
Sobre a questão da presença militar norte-americana, um porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA afirmou que o Comando Europeu recebe normalmente aviões militares em regime transitório, de acordo com acordos com aliados. Questões sobre um reforço da atividade militar nas Lajes, em razão da situação no Médio Oriente, não foram respondidas com alterações significativas até ao momento.
É importante relembrar que a tensão aumentou com a ofensiva de Israel sobre o Irão em 13 de junho, que justifica suas ações com o avanço do programa nuclear iraniano e a produção de mísseis balísticos, considerados uma ameaça à segurança israelita. A situação deteriorou-se mais ainda com a entrada dos EUA na guerra, bombardeando instalações nucleares iranianas.