Lula critica o multilateralismo na abertura da cimeira dos BRICS

O Presidente do Brasil, Lula da Silva, teceu críticas contundentes ao multilateralismo na cerimónia de abertura da XVII Cimeira dos BRICS, que decorre no Rio de Janeiro, reunindo líderes de cerca de 30 países e várias organizações internacionais. "A ONU completou 80 anos a 26 de junho e estamos a enfrentar um colapso sem precedentes no multilateralismo", afirmou.

Num discurso carregado de preocupação, Lula ressaltou que "com o multilateralismo sob ataque, a nossa autonomia torna-se novamente vulnerável", referindo-se aos avanços significativos em áreas como o clima e o comércio, agora ameaçados.

O dirigente brasileiro lamentou que o direito internacional se tenha tornado "letra morta", assim como a solução pacífica de disputas, num momento em que o mundo enfrenta um número alarmante de conflitos, o mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial.

Criticando a atual situação do Conselho de Segurança da ONU, Lula observou que "nem sequer é consultado antes de se decidirem ações bélicas", o que apenas resulta em "credibilidade reduzida e paralisia".

O Presidente defendeu a necessidade urgente de uma reforma do Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes das regiões da Ásia, África e da América Latina e Caribe, considerando que tal mudança é vital para "assegurar a própria sobrevivência da ONU".

Por fim, embora tenha sublinhado as falhas ao longo de 80 anos de existência da ONU, Lula recordou que "nem tudo foi um fracasso", mencionando as conquistas em processos de descolonização e o êxito das missões da ONU em Timor-Leste, que demonstram a possibilidade de promover a paz e a estabilidade.