Relato da CIA levanta questões sobre a investigação da Rússia a Trump
Um novo documento da CIA desafia a conclusão de que a Rússia interveio nas eleições de 2016 para favorecer Donald Trump, suscitando debate sobre investigações anteriores.

Um relatório recentemente desclassificado pela CIA (Agência Central de Informações) põe em causa as investigações anteriores que determinaram que a Rússia interveio nas eleições presidenciais de 2016 com o propósito de ajudar Donald Trump a conquistar a vitória.
Este documento, elaborado sob a direcção de John Ratcliffe, um conhecido apoiante de Trump, critica uma avaliação de 2017 que afirmava que o governo russo, orientado pelo Presidente Vladimir Putin, montou uma operação secreta de influência para impulsionar a candidatura de Trump.
Curiosamente, o memorando ignora o fato de que diversas investigações, incluindo um relatório do comité de inteligência do Senado dos EUA, dominado pelos republicanos, em 2020, chegaram a conclusões semelhantes sobre a interferência russa e suas motivações.
Com oito páginas, o relatório faz parte de uma estratégia contínua de Trump e de seus aliados, que agora no comando de várias agências governamentais, buscam reexaminar a narrativa da pesquisa sobre a Rússia. Esta investigação culminou em acusações criminais e estragou boa parte do primeiro mandato do ex-presidente.
Ratcliffe, conhecido como defensor fervoroso de Trump, anteriormente questionou o ex-procurador especial Robert Mueller acerca da interferência russa durante um depoimento em 2019. Como diretor de inteligência nacional, ele teve a oportunidade de desclassificar informações de inteligência relacionadas a alegações sobre a Rússia, mesmo admitindo que poderiam não ser verídicas.
O relatório menciona várias anomalias que, segundo os autores, poderiam ter afetado as conclusões dos serviços de inteligência, citando um apressado cronograma e a dependência de informações não confirmadas, incluindo um dossiê de um ex-espião britânico, Christopher Steele.
Particularmente criticado foi a inclusão de um resumo do dossiê Steele que continha rumores não verificados sobre os laços de Trump com a Rússia, um anexo da avaliação da comunidade de inteligência.
Embora Ratcliffe tenha apontado falhas na análise feita nos serviços de informação, o seu relatório não contradiz diretamente as informações previamente estabelecidas.
A suposta colaboração da Rússia com Trump é reiterada em diversos relatórios de inteligência e foi corroborada pelas conclusões do comitê de inteligência do Senado, então presidido pelo senador Marco Rubio, que hoje é o secretário de Estado de Trump.
O próprio Mueller, no seu relatório de 2019, confirmou que a Rússia interferiu para beneficiar Trump, embora não fosse possível confirmar uma conspiração criminosa entre a campanha e Moscovo.
As agências de inteligência realizam frequentemente relatórios pós-ação com o intuito de aprender com missões e investigações passadas, mas a desclassificação destas avaliações e sua disponibilização ao público é uma prática incomum.
Ratcliffe expressou a intenção de divulgar material sobre vários tópicos de interesse público e já desclassificou informações relativas aos assassinatos do Presidente John F. Kennedy e do seu irmão, o senador Robert F. Kennedy, bem como às origens da pandemia de covid-19.