A Esquerda Denuncia a Direita por Desigualdade na Imigração
No parlamento português, Livre, PCP e BE criticam a direita por favorecer imigrantes ricos e limitar reagrupamento familiar para os pobres, numa discussão sobre nacionalidade e imigração.

Durante um debate de urgência no parlamento, convocado pelo Chega com o tema “descontrolo na atribuição de nacionalidade e necessidade de limitar o reagrupamento familiar”, partidos à esquerda, incluindo o Livre, PCP e BE, expressaram as suas preocupações sobre as políticas de imigração da direita.
Paulo Muacho, do Livre, destacou a contradição da direita ao afirmar que apoia as famílias enquanto apresenta propostas que restringem o reagrupamento familiar. Ele qualificou as sugestões de revogação da nacionalidade a naturalizados como “provavelmente inconstitucionais” e argumentou que ter prazos residenciais diferenciados para a cidadania viola o princípio da igualdade.
Paula Santos, do PCP, apontou que o alegado descontrolo na atribuição de nacionalidade se deveu a leis que favoreceram segundas nacionalidades, como a dos sefarditas e os vistos 'gold'. A dirigente comunista criticou as fraudes associadas à atribuição de nacionalidade e alertou para o facto de que, enquanto os ricos têm acesso facilitado à cidadania, os pobres são penalizados com restrições.
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, intensificou a crítica à direita, afirmando que as suas políticas separam imigrantes ricos de pobres, permitindo que os primeiros adquiram cidadania rapidamente, ao passo que os segundos enfrentam barreiras para reunir as suas famílias. A líder do BE acusou ainda o governo de aderir a um modelo extremista.
Em resposta, João Almeida, do CDS, ironizou que a defesa da família pela esquerda só surge nos contextos de reagrupamento familiar de imigrantes, enquanto ignora outras questões familiares importantes. O líder da IL, Rui Rocha, focou-se nas consequências das políticas migratórias dos socialistas, afirmando que destas resultou um aumento significativo da população estrangeira em Portugal.
Pelo lado do governo, Cristóvão Norte elogiou as alterações propostas à lei da nacionalidade, defendendo que estas devem assegurar que só aqueles que realmente o desejam e têm um vínculo cultural consigo se possam tornar cidadãos. A deputada do PAN, Inês de Sousa Real, expressou preocupações sobre a diferenciação entre ricos e pobres nas políticas propostas.
Pedro Delgado Alves, do PS, criticou o Chega por utilizar questões de imigração para desviar a atenção de problemas reais, apelando ao respeito pelas decisões familiares e pelos direitos das pessoas nas suas intervenções. Por sua vez, André Ventura reiterou a necessidade de se discutir o reagrupamento para garantir que os imigrantes permaneçam nos seus países de origem, acusando a esquerda de falhar em proteger as famílias ao longo dos anos.