A Tragédia de Perder Dois Filhos de Forma Abrupta
Diogo Jota e o seu irmão faleceram num trágico acidente. A psicóloga Patrícia Câmara partilha como lidar com a dor da perda repentina de dois filhos e o impacto emocional que isso acarreta.

Na manhã de quinta-feira, 3 de julho, o desporto e o mundo familiar foram abalados pela trágica notícia do falecimento do internacional português Diogo Jota, que perdeu a vida num acidente de viação ao lado do seu irmão, André Silva.
Diogo Jota deixa por detrás não só a sua mulher e três filhos, mas também pais que agora se encontram perante um luto devastador. Em diálogo com a psicóloga Patrícia Câmara, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicossomática, foram exploradas as desafiantes emoções que surgem após tal perda.
A psicóloga enfatiza que, embora o processo de luto seja único para cada indivíduo, a dor da perda de um filho é uma das experiências mais angustiantes que uma pessoa pode enfrentar. A morte repentina impede qualquer preparação e torna o processo de aceitação ainda mais desafiador. A dor experimentada é incomensurável e não deve ser reduzida a palavras.
Patrícia aborda também como pai e mãe podem expressar o luto de maneiras diferentes devido a preconceitos sociais. Enquanto as mulheres podem ser incentivadas a mostrar publicamente a sua dor, os homens muitas vezes sentem necessidade de a ocultar, dificultando a busca por apoio emocional.
As consequências físicas e psicológicas da perda são vastas, podendo incluir alterações de sono, apetite e até depressão severa. O luto, neste contexto, pode ser considerado um processo longo e complexo, definido por altos e baixos que culminam em sentimentos de culpa e desorganização emocional.
Com o passar do tempo, os pais que enfrentam tal perda podem experimentar um misto de emoções, desde choque inicial até momentos de reflexão e integração da dor em suas vidas. A ausência de um filho único pode agravar a sensação de vazio identitário, mas é possível encontrar novos significados e formas de viver.
O apoio de amigos e familiares é essencial, oferecendo presença e escuta, sem emitir julgamentos. É fundamental evitar comentários que, embora bem-intencionados, possam não ser acolhedores.
Quando se trata de figuras públicas, é crucial respeitar a dor e evitar a exploração mediática das circunstâncias. A empatia e a discrição devem ser as prioridades.
O luto por um filho, mesmo que nunca se encerre completamente, pode ser transformado em um espaço de nova vivência onde os pais são acompanhados pela memória e presença interior dos filhos perdidos.
Reconstruir a vida após uma perda tão devastadora implica um processo lento, que não busca restaurar o antigo, mas sim adaptar-se a uma nova realidade habitada pela dor e pela busca de significado.