Ataque com faca em Southport: falhas na prevenção de violência juvenil

Um recente inquérito ao brutal ataque com faca que ocorreu durante uma aula de dança em Southport, no Reino Unido, levanta questões alarmantes sobre a incapacidade das autoridades em lidar com a ameaça apresentada pelo jovem Axel Rudakubana. Com apenas 18 anos, Rudakubana demonstrou, segundo o responsável pelo inquérito, Adrian Fulford, ter “um risco muito sério e significativo” de cometer violência, levando a um trágico incidente que resultou na morte de três crianças e ferimentos em dez outras pessoas.

O ataque, ocorrido em 29 de julho do ano passado, foi perpetrado por Rudakubana, que portava uma faca de cozinha com lâmina de 20 centímetros, adquirida através da Amazon utilizando uma Rede Privada Virtual (VPN). As vítimas mortais incluem Bebe King, de seis anos, Elsie Dot Stancombe, de sete, e a portuguesa Alice da Silva Aguiar, de nove anos.

Originário de Cardiff, e com um passado problemático, Rudakubana já havia sido incluído três vezes num programa anti-extremismo do governo, tendo acedido a manuais de treino de organizações terroristas e acumulando armamento em casa. Apesar do seu histórico violento, ele foi capaz de operar com total liberdade, algo que o inquérito qualificou como uma “incapacidade geral e generalizada” em intervir.

A ministra do Interior, Yvette Cooper, anunciou a abertura de um inquérito em janeiro para investigar as opções que poderiam ter prevenido este ataque devastador. Adrian Fulford acrescentou que a capacidade de Rudakubana de acessar conteúdos violentos online e a falta de supervisão foram fatores críticos na escalada do seu potencial de violência.

Fulford destacou que a próxima fase do inquérito irá examinar não apenas o historial do autor do crime, mas também o fenômeno mais amplo sistemático que atrai crianças e jovens à violência extrema. Ele fez um apelo à prudência e reflexão sobre como evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer.

O autor do ataque foi condenado a cumprir um mínimo de 52 anos em prisão, e a investigação está também a analisar um alegado ataque a um guarda prisional. O inquérito começará brevemente a ouvir os depoimentos das famílias das vítimas, que ainda lidam com as consequências da tragédia.