Aumento alarmante de repatriamentos de afegãos gera crise humanitária
A ONU adverte que as necessidades dos 1,4 milhões de afegãos repatriados desde o início do ano estão a aumentar rapidamente, tornando a situação crítica.

A ONU expressou grandes preocupações sobre o crescente número de afegãos repatriados este ano, que já ultrapassa os 1,4 milhões. Esta situação tornou-se especialmente preocupante, dado que o Afeganistão não possui condições para lidar com o regresso dos seus cidadãos.
No Afeganistão, Arafat Jamal, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), destacou as urgentes necessidades de assistência, enfatizando que a agência está a trabalhar para conseguir o "financiamento necessário para proteger" os afegãos que têm sido deportados. Deste total, mais de um milhão regressou do Irão, um número que não para de aumentar.
Desde 13 de junho, o número de repatriados disparou, culminando a 1 de agosto com aproximadamente 43.000 retornos no mesmo dia. Este valor representa um aumento drástico comparado com as 5.000 pessoas que voltavam diariamente no início do ano. As deportações a partir do Paquistão estão a contribuir sobremaneira para esta escalada.
Durante o mês de junho, assistiu-se a um regresso recorde de mais de 256.000 afegãos do Irão, provocando alarme nas organizações humanitárias. O ACNUR teme que as agências não estejam preparadas para prestar a assistência necessária, uma vez que o financiamento para ajuda humanitária tem vindo a diminuir.
Jamal ainda sublinhou a enorme pressão sentida pela equipa local: "O pessoal em campo está completamente sobrecarregado. O ACNUR conta com trabalhadores adicionais a cumprir tarefas fundamentais, mas com os recursos a escassear, corremos o risco de não conseguirmos manter o apoio por mais de duas semanas."
O representante também ressaltou que muitos repatriamentos não estão a ser realizados de forma voluntária, uma situação que pode constituir uma violação das normas do Direito Internacional. Muitos afegãos que regressaram têm reportado fortes restrições, assédio e discriminação nos países vizinhos, levando a uma rápida deterioração das suas condições de vida.
Face a esta crise, o ACNUR apela aos países da região para que o regresso dos afegãos seja voluntário, seguro e digno. "Forçar e pressionar as pessoas a regressar apenas aumenta a instabilidade na região e fomenta uma maior migração para a Europa”, conclui.