Como abordar a morte de figuras públicas com crianças: Conselhos de uma psicóloga
A psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva partilha dicas essenciais para pais e educadores sobre como conversar com crianças sobre a morte de figuras admiradas.

Recentemente, a morte de Diogo Jota tornou-se um tema de discussão em muitas casas, levando muitos pais a enfrentarem perguntas difíceis da parte dos seus filhos. A psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva recorreu às redes sociais para oferecer orientações sobre como abordar este assunto delicado com as crianças.
Segundo a psicóloga, a perda de uma figura pública, especialmente quando jovem e admirada, pode gerar confusão e dor, não só nos adultos, mas também nas crianças e adolescentes que a seguiam. "Quando alguém tão amado e saudável parte de forma abrupta, o impacto emocional é significativo, mesmo para aqueles que não tiveram um contacto pessoal com a pessoa," iniciou a especialista na sua publicação no Instagram.
Filipa sugere que os adultos devem comunicar a verdade de forma simples e direta. Frases como "sim, é verdade. O Diogo e o irmão estiveram envolvidos num acidente e morreram" devem ser utilizadas com naturalidade. A psicóloga adverte para que se evitem eufemismos como "foram embora", que podem criar confusão nas mentes mais novas.
Ela também recomenda que os adultos validem os sentimentos das crianças, dizendo algo como "não é comum, mas às vezes acontecem acidentes graves, e é normal sentirmo-nos tristes ou revoltados". É importante normalizar as emoções sem negar o medo ou a tristeza.
Outra frase aconselhada por Filipa é, "a morte faz parte da vida, mas quando acontece tão cedo, é realmente difícil de compreender. Vamos conversar sobre isto". Para ela, a presença emocional dos adultos é mais relevante do que fornecê-las as explicações perfeitas.
A psicóloga alerta para os cuidados a ter, como evitar expressões que possam gerar culpa ou confusão, como "foi a vontade de Deus" ou "agora está num sítio melhor". Também desaconselha frases como "não penses nisso", pois isso pode bloquear sentimentos que precisam ser expressos. "Ao invés, ofereça informações adequadas à idade da criança e esteja aberto a conversas", sugere Filipa.
Para as crianças mais pequenas, deve-se utilizar frases curtas, enquanto com os adolescentes, deve-se fomentar a discussão e permitir a expressão de dúvidas e indignações. "Se uma pergunta surgir, responda de forma honesta e direta, reconhecendo que acidentes podem ocorrer, mesmo com jovens saudáveis," enfatiza.
Filipa também deixou recomendações valiosas para treinadores e educadores. Ao se referirem ao tema com grupo, podem dizer: "foi uma perda triste, como se sentem? Gostariam de conversar ou fazer uma homenagem simbólica?"
Finalmente, ela adverte sobre a importância de não glorificar a morte trágica e lembra que, para os jovens, é essencial oferecer segurança, dizendo: "nem todas as mortes são assim. Continuaremos a treinar e a cuidar uns dos outros".