Defesa de Abdul Bashir recorre de condenação por homicídios no Centro Ismaili

A defesa de Abdul Bashir, o afegão que admitiu ter assassinado duas mulheres no Centro Ismaili em Lisboa, apresentou um recurso relativo à medida de coação aplicada. Em junho, o tribunal havia condenado o homem a 25 anos de prisão, considerando-o imputável e determinando que deveria cumprir pena em prisão e não em internamento numa clínica psiquiátrica.

O recurso, que foi registado esta quarta-feira e foi confirmado por fontes próximas do processo à Lusa, vem questionar a decisão que mandou Abdul Bashir para uma unidade prisional, propondo que continue a receber tratamento no hospital prisional de Caxias. A defesa apoia-se na avaliação de um psiquiatra que acompanha o caso, que diagnosticou o homem com esquizofrenia, sublinhando a necessidade de acompanhamento adequado.

Durante o julgamento, o tribunal não se baseou unicamente nas perícias de psiquiatras forenses, mas também solicitou a análise de um psicólogo forense. O relatório deste último indicava que não havia evidências suficiente para sustentar um diagnóstico de esquizofrenia. De acordo com o acórdão, o tribunal decidiu que Abdul Bashir agiu de forma deliberada, rejeitando a argumentação de inimputabilidade, o que levou o Ministério Público a sugerir o internamento ao invés da prisão.

"O arguido não apresentava uma doença que limitasse sua capacidade de discernimento no momento do crime", explicou a presidente do coletivo de juízes durante a leitura do acórdão. No entanto, no seu recurso, a defesa critica a falta de contraditório e sugere que o tribunal ignore as qualificações do psicólogo e psiquiatra envolvidos.

Os homicídios ocorreram em 28 de março de 2023 e as vítimas eram duas colaboradoras de 24 e 49 anos envolvidas em atividades de apoio aos refugiados. O tribunal considerou Abdul Bashir culpado de sete das 11 acusações que pesavam sobre ele, incluindo dois de homicídio agravado e três tentativas de homicídio.