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Eleições para a câmara alta do Japão: Desafio para o Governo de Ishiba

A campanha para a câmara alta do Parlamento japonês começa, colocando à prova o partido do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que governa em minoria após a perda do controlo da câmara baixa.

há 6 horas
Eleições para a câmara alta do Japão: Desafio para o Governo de Ishiba

A corrida para as eleições de 20 de julho para a câmara alta do Parlamento do Japão teve início hoje, representando um novo desafio para o Partido Liberal Democrata (LDP), que dá apoio ao governo minoritário liderado pelo primeiro-ministro Shigeru Ishiba.

O LDP, em colaboração com o seu parceiro de coligação, Komeito, visa manter o domínio sobre a Câmara dos Conselheiros, que já controlam desde a última eleição, em 2022. Para alcançar este objetivo, a coligação precisa de ganhar, pelo menos, 50 dos 125 lugares em disputa nesta eleição, num total de 248 membros da câmara alta.

Esta campanha surge como um teste significativo para Ishiba, uma vez que o partido perdeu o controlo da Câmara dos Representantes nas eleições gerais antecipadas de outubro anterior. O resultado dessas eleições forçou o LDP, que tem uma longa história de domínio na política japonesa após a Segunda Guerra Mundial, a negociar com a oposição, que é liderada atualmente pelo Partido Democrático Constitucional do Japão (CDP), sob a liderança do ex-primeiro-ministro Yoshihiko Noda.

No total, 519 candidatos estão na corrida para os 125 lugares, de acordo com a NHK, com 152 mulheres a concorrer, representando quase 30% do total - a segunda maior percentagem de sempre. Desta cifra, 74 lugares serão escolhidos por círculo eleitoral, enquanto os restantes 50 serão atribuídos por representação proporcional.

É importante recordar que cerca de metade dos membros da Câmara dos Conselheiros são eleitos de três em três anos para um mandato de seis anos. A 22 de junho, o LDP alcançou um marco histórico ao conquistar um elevado número de lugares na assembleia da prefeitura de Tóquio, uma eleição muitas vezes vista como um termómetro da política nacional.

O futuro de Ishiba poderá estar em perigo, principalmente se a oposição, ainda que fragmentada, conseguir obter a maioria na Câmara dos Conselheiros, contando com o apoio do Partido Democrático para o Povo (centro-direita) e do partido populista de extrema-direita Sanseito.

Um dos temas centrais da campanha é o descontentamento crescente entre os cidadãos relativamente ao aumento do custo de vida, que não tem sido resolvido por aumentos salariais. Ishiba, por sua vez, prometeu distribuir 20 mil ienes (cerca de 120 euros) a cada residente como forma de aliviar esta pressão.

A oposição também está a exigir ao governo que reduza ou suspenda temporariamente o imposto sobre o consumo, semelhante ao IVA. O aumento dos preços do arroz, que duplicou no último ano, é outra grande preocupação para a população japonesa.

Além do cenário interno, o governo de Ishiba também se vê envolvido em negociações comerciais com os Estados Unidos, que ameaçam impor tarifas sobre as importações asiáticas. Com o seu partido a gozar de tradicional apoio de grupos agrícolas e eleitores rurais, Ishiba comprometeu-se a não sacrificar o setor agrícola, apesar da pressão dos EUA para maior acesso ao mercado japonês.

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