FEST em Espinho: 250 filmes, Inteligência Artificial e um thriller erótico nacional
O FEST - Festival Novos Realizadores, Novo Cinema inicia-se sábado em Espinho, com 250 filmes, incluindo produções em Inteligência Artificial e um thriller erótico português.

O FEST - Festival Novos Realizadores, Novo Cinema, que se realiza em Espinho, dá início à sua 21.ª edição já este sábado. Com um orçamento de 180.000 euros, o evento prolonga-se até 29 de junho e, neste ano, passa a ter nove dias, visando assim reduzir a intensidade do programa e atender ao pedido de uma maior diversidade de filmes para crianças e jovens, que representa cerca de 20% do público total.
Fernando Vasquez, diretor do FEST, destacou a crescente presença da Inteligência Artificial no cinema, afirmando que "o ano passado viu um aumento no uso de IA, mas este ano testemunha uma evolução significativa, inclusive nas bandas sonoras", acrescentando que há uma seção dedicada exclusivamente a essas obras.
Na competição, que conta com 10 longas-metragens, destacam-se títulos como 'Manas', de Marianna Brennaud, considerado "o grande filme brasileiro do momento", que aborda o despertar sexual de uma adolescente na Amazónia. Outro filme mencionado foi 'Mad bills to pay (or Destiny, dile que no soy malo)', de Joel Alfonso Vargas, que explora o impacto de uma gravidez não planejada numa família dominicana nos EUA, e acredita-se que é um forte candidato aos Óscares.
O filme 'Peacock', do austríaco Bernhard Wenger, que já foi premiado no FEST e no Festival de Veneza, também merece destaque com sua comédia sobre a crise existencial de um homem que não tem certeza sobre sua identidade.
A atualidade política e questões sociais são temas centrais em outras produções, como 'Lesson Learned', de Bálint Szimler, e 'Happy Holidays', de Scandar Copti, que refletem sobre a condição educativa na Hungria e as dificuldades que os palestinianos enfrentam em Israel, respetivamente.
Na seção de documentários, 'To close your eyes and see fire' expõe o trauma coletivo de Beirute após as explosões de 2020, abordando as feridas do Líbano e do Médio Oriente, realizando uma reflexão social importante.
Com um total de aproximadamente 200 estreias nacionais e uma secção dedicada à produção cinematográfica da Geórgia, o FEST deste ano também inclui programas de formação, sessões de pitching e diversas atividades paralelas, como concertos e exposições.
No entanto, a organização enfrenta desafios logísticos devido a limitações de alojamento. Fernando Vasquez mencionou que isso tem dificultado a negociação com profissionais que precisariam de se instalar nas proximidades do evento, dado o custo elevado das acomodações.
A habitação, portanto, é também um tema central na competição dedicada ao cinema português, com 23 filmes em disputa. Exemplos da pesquisa incluem a curta-metragem 'Agente imobiliário sem casa para viver', de Filipe Amorim, que apresenta uma crítica à habitação, e 'C'est pas la vie en rose', de Leonor Bettencourt Loureiro, que explora a gentrificação em Lisboa através de uma banda francesa.
Outros destacados da competição são 'First Date', a comédia romântica de Luís Filipe Borges, e 'Arriba Beach', marcado como o primeiro thriller erótico nacional com conotação LGBT, assinado pelo realizador indiano Nishchaya Gera.
O filme destaca a influência de cineastas estrangeiros em Portugal, que têm contribuído para a diversidade de estilos no cinema português atual. Fernando Vasquez conclui que a colaboração internacional está a enriquecer a produção cinematográfica do país.