Igreja Católica clama por prioridade no combate à pobreza no novo Governo
Organizações católicas apelam ao recém-empossado Governo para que faça do combate à pobreza uma prioridade nacional, diante da estagnação económica que afeta muitos cidadãos.

No início do mandato do novo Governo, várias organizações ligadas à Igreja Católica reforçam a urgência de tratar o combate à pobreza como um "desígnio nacional prioritário". O apelo, dirigido ao executivo PSD/CDS, sublinha a necessidade de uma mobilização conjunta envolvendo o Estado, a sociedade civil e as comunidades religiosas.
Essa posição é partilhada por entidades como a Comissão Nacional de Justiça e Paz, a Comissão Justiça, Paz e Ecologia dos Institutos Religiosos e as Comissões Justiça e Paz de diversas dioceses, incluindo Braga, Évora e Algarve.
As organizações fundamentam o seu apelo nos resultados de um estudo da Caritas Portuguesa, publicado em março, que ressalta que, apesar de algumas melhorias nos últimos anos nos indicadores de privação, o progresso é considerado insuficiente para cumprir as metas da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza.
Dentre os alertas, destaca-se a grave deterioração no acesso à habitação e nas condições de vida dignas, com um aumento alarmante de pessoas sem-abrigo e famílias em situações desadequadas.
A Caritas adverte que Portugal mantém índices altos de privação habitacional, chamando a atenção para o "aumento dramático" de pessoas a viver em rua e as dificuldades de acesso à habitação que afetam diversas camadas da população.
Além disso, a Caritas salienta que o direito a uma habitação digna, consagrado na constituição, permanece ameaçado por situações de privação severa, frequentemente invisíveis nas estatísticas oficiais sobre pobreza.
A organização também observa um aumento significativo no número de pedidos de ajuda por parte de imigrantes, refletindo uma mudança importante na dinâmica social do país. A falta de inclusão desses dados nas estatísticas oficiais é uma preocupação, pois afeta a compreensão real da pobreza em Portugal.
"Estatísticas a nível europeu baseiam-se em inquéritos que não incluem pessoas sem-abrigo, prisioneiros ou indivíduos em habitação temporária", acrescenta a Caritas, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais abrangente para capturar a verdadeira extensão do problema.