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José Sócrates chega ao Campus de Justiça para novo julgamento

O ex-primeiro-ministro declarou que não falaria aos jornalistas, mas acabou por se pronunciar, sentenciando: "Forçaram-me a vir aqui de novo".

há 8 horas
José Sócrates chega ao Campus de Justiça para novo julgamento

José Sócrates fez a sua chegada ao Campus de Justiça, em Lisboa, onde se inicia, nesta quinta-feira, 3 de julho, o julgamento da Operação Marquês.

O ex-primeiro-ministro, que inicialmente se recusou a fazer declarações aos meios de comunicação, acabou por manifestar-se: "Forçaram-me a vir aqui de novo", revelou.

Passaram-se onze anos desde a sua detenção no aeroporto de Lisboa e, agora, Sócrates enfrenta um julgamento que envolve mais 20 arguidos e mais de 650 testemunhas.

A primeira sessão começará às 9h30, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, onde um coletivo de juízes, presidido por Susana Seca, avaliará 117 crimes atribuídos a Sócrates e restantes arguidos, que inclui tanto indivíduos como empresas.

O ex-primeiro-ministro, que estava inicialmente acusado de 31 crimes, enfrentará agora 22, entre os quais se destacam três de corrupção passiva, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal qualificada.

Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates e empresário, é o arguido com mais crimes a serem considerados, enfrentando um total de 23, reduzidos de 33, que incluem corrupção passiva e ativa, além de branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

O ex-banqueiro Ricardo Salgado, ligado ao extinto Banco Espírito Santo, também está entre os arguidos, respondendo por três crimes de corrupção ativa e oito de branqueamento de capitais.

Outro nome importante é Armando Vara, ex-ministro e administrador da Caixa Geral de Depósitos, que, já condenado em processos anteriores, enfrentará um crime de corrupção passiva e um de branqueamento de capitais.

A detenção de Sócrates aconteceu em 21 de novembro de 2014, quando regressava de Paris, com as suspeitas a recaírem sobre corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, o que levou à abertura da Operação Marquês.

Após dois dias em interrogatório, Sócrates foi sujeito a prisão preventiva, cumprindo nove meses na cadeia de Évora, seguidos de um mês sob vigilância no domicílio.

Depois de anos a esperar, a acusação do Ministério Público foi divulgada a 11 de outubro de 2017, abrangendo 28 arguidos por um total de 189 crimes.

A decisão instrutória, proferida pelo juiz Ivo Rosa em abril de 2021, deitou por terra a maior parte da acusação, especialmente os crimes de corrupção, surpreendendo o procurador Rosário Teixeira.

No entanto, uma recente decisão da Relação de Lisboa, em janeiro de 2024, acabou por recuperar a maior parte da acusação original, dando seguimento ao megaprocesso que agora se inicia.

A juíza Susana Seca deverá decidir se aceita associar ao julgamento principal um processo menor relacionado com branqueamento de capitais, envolvendo Sócrates e Santos Silva, que poderá ser julgado em conjunto.

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