Lagarde destaca riscos inflacionários: Fechar Ormuz terá repercussões económicas
A presidente do BCE, Christine Lagarde, alerta para as consequências inflacionistas do possível encerramento do Estreito de Ormuz, uma zona vital para o transporte de petróleo.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fez um alerta esta segunda-feira sobre as potenciais consequências do encerramento do Estreito de Ormuz, reforçando que tal situação poderá provocar um choque no fornecimento com repercussões significativas para a economia, além do impacto no setor energético.
Lagarde explicou que "um bloqueio nesta passagem estratégica poderá afetar uma quantidade substancial de petróleo e gás que transita por ali, levando a um aumento dos preços desses combustíveis". Durante a sua intervenção no Parlamento Europeu, sublinhou a preocupação com os efeitos secundários deste encerramento, que poderiam reverberar por várias áreas da economia.
“Embora se trate de um choque no abastecimento, a sua profundidade e duração podem gerar repercussões muito mais amplas do que o simples aumento dos preços da energia”, advertiu Lagarde.
A líder do BCE expressou satisfação com o estado actual da economia, mas não hesitou em afirmar que "não existe dúvida de que, a curto prazo, se este risco se concretizar, as consequências inflacionistas estarão à vista".
Num contexto semelhante, a Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Kaja Kallas, também alertou para a gravidade da ameaça iraniana de fechar o Estreito de Ormuz, destacando que esta ação causaria perigosos desdobramentos.
Kallas referiu que, em resposta a um ataque dos Estados Unidos, o Parlamento iraniano exigiu o bloqueio do estreito, que é responsável por 20% do petróleo transportado por mar. A decisão, no entanto, depende do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão.
Na sua chegada ao Conselho dos Negócios Estrangeiros, em Bruxelas, Kallas sublinhou que os ministros discutiriam a situação no Irão e reafirmou a necessidade de uma abordagem diplomática para resolver o conflito. “O encerramento do Estreito de Ormuz seria extremamente arriscado e prejudicial para todos”, enfatizou.
Ela ainda frisou o empenho da União Europeia em manter o diálogo com o Irão sobre o programa nuclear e outros temas de segurança, afirmando que “devemos prosseguir com as negociações, pois a solução diplomática é essencial para um futuro estável”.
O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, e o seu homólogo francês, Jean-Noel Barrot, reforçaram também a necessidade de a União Europeia assumir um papel activo na promoção da paz e da resolução pacífica da crise, insistindo que qualquer mudança de regime no Irão apenas por meios militares seria ilusória e perigosa.