Mondlane critica neocolonialismo em Moçambique por ocasião dos 50 anos de independência

O líder da oposição em Moçambique, Venâncio Mondlane, expressou a sua preocupação de que o país se encontra preso a uma nova forma de colonização interna, a qual designa como neocolonialismo. Em um post no Facebook, Mondlane afirmou que a celebração dos 50 anos de independência deveria servir como um momento de "reflexão profunda".

Segundo ele, a liberdade que foi conquistada com grande sacrifício está a ser rapidamente usurpada por uma elite que mantém um regime de terror financeiro, político e social, agindo contra os próprios compatriotas. Mondlane destacou que aqueles que um dia foram libertadores, atualmente se tornaram “piores colonizadores”, revelando uma crescente intolerância ao sofrimento do povo e à crítica.

"A intolerância política alastra-se como um 'câncer': vozes discordantes são silenciadas, opositores são perseguidos e a liberdade de expressão é reprimida, tudo em nome da estabilidade do regime", criticou o líder opositor.

Ele também chamou a atenção para o fechamento de várias indústrias estratégicas e o impacto negativo na criação de empregos, enquanto se banaliza a abertura de fábricas de bebidas alcoólicas, o que evidencia uma falta de políticas económicas eficazes. "Moçambique regrediu a um ponto alarmante. Os hospitais públicos estão a usar papelão em vez de gesso devido à escassez, e as escolas são improvisadas sob árvores", lamentou Mondlane.

O ex-candidato à presidência sublinhou que não há verdadeira independência quando as decisões soberanas dependem de financiamento do Ocidente e quando a política interfere abertamente nas instituições judiciais e legislativas, ameaçando a justiça e a democracia.

"É urgente reavaliar o verdadeiro significado de independência. Não se trata apenas da ausência do colono estrangeiro, mas de eliminar o colonizador interno e restaurar a dignidade e o poder do povo", concluiu.

O apelo de Mondlane surge em contraste com o discurso do presidente moçambicano, Daniel Chapo, que fez sua intervenção durante as celebrações da independência nacional, realizadas no Estádio da Independência Nacional, em Maputo. O evento contou com a presença de vários líderes internacionais, incluindo o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Neste dia, Moçambique comemora meio século de independência, após uma longa luta contra o colonialismo português, que começou em 1964 e culminou em 25 de junho de 1975 com a proclamação da independência por Samora Machel.