Tech

Nova escala permite avaliar a dependência de videojogos entre os jovens portugueses

Uma equipa do ISMT disponibiliza uma nova ferramenta para profissionais de saúde mental, com o objetivo de detectar a dependência em videojogos entre os jovens.

há 12 horas
Nova escala permite avaliar a dependência de videojogos entre os jovens portugueses

Um grupo de investigadores do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), em Coimbra, deu um passo importante no reconhecimento da dependência de videojogos, ao adaptar para o português europeu a Game Addiction Scale-7 (GAS-7). Esta escala, originalmente desenvolvida pelo investigador holandês Jeroen S. Lemmens, avalia sete sinais de alerta, permitindo que psiquiatras e psicólogos em Portugal identifiquem comportamentos típicos de uso excessivo de videojogos entre os jovens.

A investigadora Ilda Massano Cardoso, responsável pela adaptação da escala, esclareceu que, embora a GAS-7 não faça diagnósticos clínicos, serve como uma ferramenta auxiliar no processo de identificação de possíveis quadros de dependência. Segundo Massano Cardoso, “a sua introdução é crucial do ponto de vista preventivo, pois a prevalência da adição aos videojogos em Portugal não está claramente definida, dado o vasto universo de plataformas disponíveis”.

As questões abordadas na escala focam principalmente a diminuição do contacto social, o isolamento e a tendência de se sentir satisfeito apenas ao jogar. Isto permitirá perceber se o próprio ato de jogar está a gerar dificuldades na vida social e em atividades do dia a dia, como a escola ou o trabalho.

Os sete sinais de alerta da GAS-7 incluem: saliência, tolerância, alteração do humor, recaída, abstinência, conflito e problemas relacionados com o jogo. A investigadora sublinha que “a escala ajuda a identificar quando a atividade lúdica se transforma em dependência, permitindo um acompanhamento mais eficaz”.

Massano Cardoso sublinha também a necessidade urgente de que os profissionais de saúde mental tenham à disposição instrumentos válidos para avaliar e prevenir situações de risco, especialmente face ao aumento do uso intensivo de videojogos entre os adolescentes e jovens adultos.

As perguntas na escala são diretas, por exemplo, “pensaste em jogar jogos todo o dia” ou “descuraste outras atividades, como ir à escola, ao trabalho ou praticar desporto, para jogar?”. “O maior sinal de alarme é quando o usuário se desliga da vida real e deixa que o jogo se torne o foco central da sua vida”, adverte.

A investigadora defende ainda que a significativa prevalência deste fenómeno exige elaboração de estratégias preventivas na saúde pública, como regulação do uso saudável das tecnologias, programas educativos nas escolas e sensibilização de pais e educadores.

Com base no processo de validação conduzido pela equipa do ISMT, que incluiu a auscultação de jovens portugueses, foi possível identificar diferenças nos comportamentos aditivos relacionados com os videojogos entre géneros, com os jovens do sexo masculino a apresentarem níveis superiores em comparação com as mulheres. Os resultados deste estudo foram publicados na revista científica European Addiction Research.

#DependênciaVideogames #SaúdeMental #JovensEvidentes