A Era da Fadiga de Notificações: Utilizadores Abandonam Alertas de Notícias
Estudo revela que a saturação de alertas leva 79% dos inquiridos a desativar notificações de notícias. O fenómeno da "fadiga de alertas" afecta a forma como os cidadãos consomem informação.

A crescente "fadiga de alertas", caracterizada pelo excesso de notificações em dispositivos móveis, está a impulsionar muitos utilizadores a desativar os avisos de aplicações de notícias. Esta conclusão provém de um estudo realizado pelo Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e citado pelo The Guardian.
Com algumas publicações a enviar até 50 notificações por dia, muitos utilizadores acabam por optar por desinstalar estas aplicações, considerando que a maioria dos alertas é irrelevante. Somando-se a este fenómeno, agressores de notícias como o Apple News e Google News têm gerado múltiplas notificações sobre o mesmo acontecimento, especialmente em situações de notícias de última hora.
Em um relatório abrangendo 28 países, 79% dos inquiridos revelaram não receber notificações de notícias durante a semana. Dentre estes, 43% confirmaram que desativaram as notificações devido à percentagem elevada de alertas considerados inúteis.
"Os editores enfrentam um dilema complicado", afirma Nic Newman, um dos autores do relatório. "Enviar notificações em excesso pode levar as pessoas a desinstalar a aplicação, o que é alarmante. Os editores têm consciência de que não devem sobrecarregar os utilizadores, mas, coletivamente, há sempre quem ultrapasse o limite."
O fenómeno está também relacionado com a crescente evitação de notícias, já que muitos utilizadores buscam maneiras de se protegerem ao longo do dia, evitando distrações constantes. Isso não implica que não haja interesse em atualizações, mas sim uma preferência por não serem bombardeados continuamente com informações.
No contexto português, o Digital News Report Portugal 2025 revelou que a tendência de evitar notícias, seja de forma ocasional ou regular, se manteve, embora com uma ligeira diminuição. A saturação devido à quantidade das notícias (39%), bem como a exaustão face a temas de conflito (38%) e o impacto negativo no estado emocional (32%), foram algumas das razões apontadas para este comportamento.
A análise também destacou que o consumo de notícias em Portugal está concentrado em poucas redes sociais, com o Facebook a ser a plataforma mais utilizada, seguido pelo WhatsApp. Este relatório é produzido anualmente pelo OberCom - Observatório da Comunicação, desde 2015, em conjunto com o relatório global do RISJ da Universidade de Oxford.