Ameaça da desinformação da direita radical à confiança democrática
Investigadores destacam que a desinformação propaga uma erosão da confiança nas instituições democráticas, especialmente durante campanhas eleitorais.

Um grupo de investigadores lançou um alerta sobre os perigos da desinformação associada à direita radical nas redes sociais e o seu impacto na confiança nas instituições democráticas, especialmente em períodos de campanhas eleitorais.
Esta preocupação é apresentada no relatório final elaborado pelo MediaLab, uma entidade de investigação em ciências da comunicação do ISCTE, em colaboração com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a agência Lusa.
No estudo, as narrativas desinformativas que emergem, focando temas como imigração e corrupção, revelam um "padrão sistemático de erosão da confiança democrática". Os investigadores ressaltam que tais narrativas são frequentemente impulsionadas por "atores e redes afins da direita radical".
Os autores do relatório sublinham que as questões abordadas durante a campanha, incluindo imigração, segurança e islamização, alimentam uma narrativa que visa "deslegitimar a ordem democrática".
Essas mensagens retratam os imigrantes como manipulados, as instituições como sequestradas, e os partidos tradicionais (PSD, PS, CDS) como cúmplices de uma "farsa" que perdura há várias décadas. Este cenário cria uma visão polarizada da política, na qual apenas uma força "fora do sistema" seria capaz de revelar a verdade e salvar o país.
Os investigadores concluem que essa narrativa, alicerçada em desinformação e movida por emoções, não só mobiliza os cidadãos, como radicaliza atitudes que comprometem o espaço cívico e desafiam os fundamentos do pluralismo democrático.
O projeto, do MediaLab em colaboração com a CNE e a agência Lusa, teve como base dados recolhidos nas redes sociais Facebook, Instagram, X, TikTok e YouTube, utilizando ferramentas digitais.
Gustavo Cardoso, sociólogo, coordenou a iniciativa, que tinha como objetivo avaliar a desinformação e os conteúdos circulantes nas plataformas online durante o período pré-eleitoral, contando com a colaboração de José Moreno, Inês Narciso, Paulo Couraceiro e João Santos na equipa do MediaLab.