Aumento alarmante de óbitos por água contaminada e falta de higiene em Portugal
Em 2023, Portugal regista um recorde de 518 mortes ligadas à água insalubre e condições de higiene deficientes, segundo o INE, destacando um problema crescente de saúde pública.

Dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), conforme reportado pelo Jornal de Notícias, revelam que 2023 marca um ano trágico para a saúde pública em Portugal, com um total de 518 mortes atribuídas a água contaminada e falta de higiene. Este número representa um aumento significativo na taxa de mortalidade, que subiu para 4,9 óbitos por 100 mil habitantes, o valor mais alto registado desde 2010, quando a taxa era de apenas 1,1.
Comparando com anos anteriores, em 2022 foram contabilizadas 472 mortes (4,5%), enquanto em 2021 houve 398 óbitos (3,8%) e em 2020 foram identificados 413 casos (4%).
Segundo os dados do INE, a maioria das vítimas é composta por pessoas idosas, com 57% dos óbitos ocorrendo em indivíduos com mais de 85 anos, seguidos da faixa etária dos 75-84 anos, que corresponde a 28% das mortes. A análise revela que seis em cada dez falecimentos envolveram mulheres.
A taxa de mortalidade entre os maiores de 85 anos atingiu 78,6/100 mil, enquanto a segunda maior taxa foi observada nos 75-84 anos (16,6%) e entre os bebés com menos de um ano (4,9%). Os óbitos foram principalmente associados a água insalubre e condições de saneamento deficitárias, abrangendo doenças como cólera, febre tifoide, shigelose e outras infeções intestinais bacterianas.
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Bernardo Gomes, ressaltou a importância de investigar se estes números apresentam padrões territoriais, principalmente em relação às práticas culturais de uso de água não controlada.
Por sua vez, o hidrobiólogo Adriano Bordalo defendeu uma colaboração estreita entre os ministérios da Saúde e do Ambiente, que poderia resultar em iniciativas corretivas. "Se os estudos não forem realizados, não conseguiremos melhorar a saúde da nossa população", alertou Bordalo.