BE exige condenação do Governo a ataques ao Irão e esclarecimentos sobre Base das Lajes
O Bloco de Esquerda instou o Governo a condenar os ataques dos EUA e de Israel ao Irão, ao mesmo tempo que questionou a utilização da Base das Lajes nestes incidentes.

O Bloco de Esquerda (BE) manifestou hoje a sua posição de que o Governo português deve condenar de forma categórica os ataques empreendidos por Israel e pelos Estados Unidos da América ao Irão, considerados ilegais pelo partido. Mariana Mortágua, coordenadora e única deputada do BE, transmitiu estas reivindicações aos jornalistas durante uma conferência na Assembleia da República.
Mariana Mortágua, no âmbito da cimeira da NATO que se realiza em Haia, sublinhou a necessidade de Portugal se distanciar de alianças que envolvam a cumplicidade em escaladas militares. “Lançámos uma petição online que contém três reivindicações: a condenação dos referidos ataques, a defesa do direito internacional e a proibição da utilização de bases nacionais para ações militares, bem como o reconhecimento da Palestina como essencial para a paz no Médio Oriente”, afirmou.
A coordenadora do BE criticou a inação do Governo português e da União Europeia, que, segundo ela, estão a alinhar-se por omissão com a escalada de conflitos, mencionando: “Estão a seguir a senda de Netanyahu e Trump, através da sua passividade”. Mortágua fez referência ao papel do secretário-geral da ONU, António Guterres, que falou sobre a necessidade de respeitar a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, ressaltando que “não existem ataques preventivos segundo o direito internacional”.
No que tange à Base das Lajes, a deputada expressou preocupações sobre a sua utilização para operações de reabastecimento das forças norte-americanas, pedindo mais clareza ao Governo. “Estamos sem garantias de que a base não tenha sido utilizada em missões que consideramos ilegais, como um ataque dos EUA ao Irão”, realçou.
Referindo-se à justificação apresentada para os ataques, nomeadamente o alegado arsenal nuclear do Irão, Mariana Mortágua desmentiu essa alegação, insinuando que as informações dos serviços secretos norte-americanos pouco antes do ataque eram contraditórias e que, tal como ocorreu no passado com o Iraque, as justificações para princípios de guerra eram falaciosas e resultaram em destruição significativa na região.
Sobre a pertença de Portugal à NATO, Mortágua reafirmou a posição do BE: “Portugal não deve subordinar-se a Donald Trump e deve dirigir a sua coordenação militar dentro de um espaço europeu, saindo assim da NATO”.