Controvérsia na PSP: Diretor alerta para a gravidade de alegações neonazis
O diretor nacional da PSP afirmou que a presença de um agente ligado a um grupo neonazi é preocupante e destacou a importância da justiça.

Luís Carrilho, diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), pronunciou-se hoje sobre a detenção de um agente da PSP, associado a um grupo neonazi, referindo que "uma alegação já é grave". A declaração foi feita durante o seminário "Migrações e Retorno: Novos rumos para a Europa", na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa.
Carrilho sublinhou a necessidade de permitir que a justiça investigue a situação, reforçando que "em um Estado de direito democrático, a lei é para todos, incluindo os polícias". O diretor acrescentou que a PSP está sujeita a rigorosos mecanismos de controlo, tanto internos como externos.
O agente da PSP, que estava destacado na Polícia Municipal de Lisboa, foi detido na semana passada sob suspeita de ser membro do Movimento Armilar Lusitano (MAL). Ele e outros três envolvidos estão indiciados por crimes associados a um grupo terrorista, podendo enfrentar penas de prisão que variam entre 8 a 15 anos, além de estar implicados na posse de arma proibida.
As investigações ao MAL têm já outros suspeitos, incluindo um membro da GNR e um fuzileiro da Marinha. O primeiro está de licença e reside na Polónia, enquanto o segundo é acusado de fornecer vestuário militar a um dos arguidos.
Sobre o agente detido, que permanece em prisão preventiva, Carrilho revelou que foi aberto um inquérito disciplinar pela polícia municipal. "Toda alegação de discriminação deve ser comunicada aos nossos gabinetes de disciplina, e isso está a ser feito", afirmou.
Nos últimos 14 anos, a PSP instaurou 60 inquéritos internos por questões de racismo e xenofobia, com 44 encerrados, 5 resultando em punições e os restantes ainda a ser analisados.
Referindo-se ao seminário, que assinala o início das comemorações dos 158 anos da PSP, Carrilho abordou também uma proposta governamental para a criação de uma unidade de estrangeiros e fronteiras na PSP, garantindo que a corporação está preparada para novas responsabilidades, sempre com o foco na segurança pública.
A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, também presente, destacou a importância de não confundir um único caso com a totalidade das instituições, frisando que os atos do agente indiciado são "inaceitáveis" num país como Portugal.