DGS. Queda significativa no sal e açúcar de alimentos em Portugal
Alimentação mais saudável em Portugal: produtos reduzidos em 15% de sal e 21% de açúcar em 5 anos, revela relatório da DGS.

Um novo relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS), intitulado 'Relatório da Reformulação dos Alimentos em Portugal -- 2018-2023', revela que, nos últimos cinco anos, houve uma redução significativa média de 15% no teor de sal e de 21% no teor de açúcar presente em diversos produtos alimentares vendidos em Portugal.
Esta diminuição resulta de um acordo estabelecido entre a DGS, a indústria alimentar e o setor do retalho, cujo objetivo foi reduzir a quantidade de sal e açúcar em alimentos populares, sem alterar as escolhas dos consumidores. Os dados indicam uma redução de aproximadamente 18 toneladas de sal e 7.400 toneladas de açúcar.
A análise focou-se no teor de sal em produtos como batatas fritas, snacks salgados, pizzas e cereais de pequeno-almoço. A diminuição do açúcar foi igualmente avaliada nestas categorias, além de outros produtos como refrigerantes, néctares, iogurtes, leite fermentado e leite aromatizado.
A diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, Maria João Gregório, considera estes resultados “bastante positivos”, pois refletem uma redução consistente em todas as categorias incluídas no acordo.
Em termos de resultados, entre 2018 e 2023, observou-se uma diminuição global de 14,8% no teor médio de sal e de 20,8% no teor médio de açúcar. O relatório destaca que 8 das 11 categorias analisadas superaram as metas estabelecidas.
Especificamente em relação ao açúcar, categorias como refrigerantes, leite achocolatado e iogurtes superaram os objetivos propostos. No que diz respeito ao sal, cereais de pequeno-almoço, pizzas e snacks salgados também logo se destacaram por ultrapassarem as metas de redução definidas para 2022.
Além disso, a colaboração com o setor do retalho possibilitou a diminuição do sal em produtos como pão, sopas e refeições pré-embaladas. A maioria destes produtos cumpriu as metas estabelecidas, com o pão a ter menos de 1 g de sal por 100 g e as refeições menos de 0,9 g por 100 g.
As metas foram formuladas com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde, com o objetivo de atingir um consumo diário máximo de 5 gramas de sal e cerca de 50 g de açúcares livres por dia para a população, e de 25 g para as crianças.
Maria João Gregório enfatiza a importância da reformulação como uma estratégia de saúde pública, permitindo a redução do consumo elevado de sal e açúcar em Portugal, sem necessidade de alterações significativas nas escolhas alimentares dos cidadãos. Currently, 24% da população portuguesa consome açúcares livres acima dos limites estabelecidos pela OMS, um número que sobe para quase 50% entre crianças e adolescentes, enquanto cerca de 77% ultrapassa o consumo recomendado de sal.
Ela sublinha que, por ser uma ação que altera o ambiente alimentar, a reformulação tem potencial para impactar amplamente a população, especialmente em grupos mais vulneráveis que enfrentam doenças crónicas como a obesidade, diabetes e hipertensão.
Questionada sobre a expansão do acordo para incluir outras categorias alimentares, Maria João Gregório indicou que ainda não houve discussões nesse sentido, mas acredita que os resultados encorajarão a continuação deste trabalho. Futuras parcerias poderão incluir novos produtos, como queijos e itens de charcutaria, que são relevantes para a gestão do sal na dieta da população.
Este relatório é uma iniciativa conjunta da DGS e de parceiros como a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e a NielsenIQ, sendo os últimos responsáveis pela monitorização independente do processo.