Governo espanhol dá luz verde à fusão BBVA-Sabadell com restrições
O Executivo de Madrid permite a OPA do BBVA sobre o Sabadell, mas com a imposição de manutenção de identidades e gestões separadas por três anos, visando proteger interesses gerais.

O Conselho de Ministros de Espanha anunciou a aprovação da fusão entre o BBVA e o Sabadell, embora sob a condição de que durante os próximos três anos os dois bancos mantenham identidades jurídicas, patrimónios e gestões independentes. A informação foi veículos pelo ministro da Economia, Carlos Cuerpo, durante uma conferência de imprensa em Madrid, após a reunião semanal do Governo.
Cuerpo indicou que a obrigatoriedade pode ser prolongada por mais dois anos, caso seja necessário. A ordem governamental é justificada pela necessidade de proteger princípios de "interesse geral", conforme estipulado pela legislação espanhola e respaldado pela jurisprudência da União Europeia.
Esses princípios estão relacionados com a garantia de financiamento a pequenas e médias empresas, a salvaguarda dos empregos nos dois bancos, a coesão territorial, objetivos de "política social" (como acesso à habitação e apoio às fundações dos bancos), além do incentivo a investimentos em investigação e tecnologia.
A manutenção do status de entidades separadas não impede que o BBVA exerça autoridade sobre a administração e os cargos de direção do Sabadell, caso a fusão se concretize. O Sabadell, por sua vez, tem manifestado oposição à OPA, um ponto que encontra eco também no Governo Central e no governo regional da Catalunha, que expressaram reservas à fusão.
Adicionalmente, a OPA foi criticada por várias partes, incluindo cerca de 70 associações empresariais e sindicatos, refletindo uma ampla discussão acerca do tema. A Lei de Concorrência de 2007 estipula que regulações impostas pelo Governo devem estar justificadas por razões de interesse público que vão além da concorrência.
O BBVA lançou a OPA há um ano e, se obtiver sucesso, a fusão resultará numa instituição com perto de um bilião de euros em ativos, empregando 135.462 colaboradores globalmente, dos quais 19.213 no Sabadell. Esta união tornaria o novo banco um dos maiores da Europa, superando o CaixaBank, que é proprietário do BPI, e posicionando-se como o segundo maior banco de Espanha em termos de ativos.