Imigração destaca-se como tema central nas redes sociais
A imigração dominou as redes sociais nas últimas três legislativas, alcançando 21 milhões de visualizações em 2025, superando a corrupção em cinco vezes, revela um estudo do MediaLab.

A imigração emergiu como o tema mais proeminente nas redes sociais durante as últimas três campanhas legislativas, especialmente na do Chega, segundo um estudo recente do MediaLab, associado à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e à agência Lusa.
Os investigadores do ISCTE observaram que o total de publicações sobre imigração teve um crescimento exponencial, com um impressionante número de visualizações que atingiu quase 21 milhões, cinco vezes superior ao contabilizado para a corrupção, que havia dominado campanhas anteriores.
No relatório, destaca-se que as "principais narrativas desinformativas" durante a campanha foram impulsionadas por atores da direita radical, com o MediaLab a identificar três meta-narrativas significativas.
A primeira narrativa afirma que "Portugal está a ser invadido", reforçada por informações falsas sobre a presença de dois milhões de imigrantes. Em segundo lugar, encontramos a ideia da "islamização de Portugal", caracterizada pela utilização de sátira em relação a um fictício "Partido Islâmico". Por fim, a terceira narrativa sugere que "os 50 anos de democracia em Portugal foram sinónimos de corrupção".
Estas meta-narrativas foram exacerbadas por conteúdo desinformativo que explorou sentimentos de medo, raiva e desconfiança, partilhados por figuras políticas e páginas influentes nas redes sociais.
Para chegar a estas conclusões, a pesquisa incluiu uma análise contínua de publicações dos principais candidatos, das páginas oficiais dos partidos e de conteúdos verificados pelos 'fact checkers', além das denúncias feitas pelos cidadãos à CNE.
Adicionalmente, o apagão elétrico que afetou a Península Ibérica em 28 de abril teve uma forte repercussão nas redes, embora não tenha exercido influência direta na pré-campanha eleitoral.
O estudo do MediaLab utilizou dados provenientes de várias plataformas sociais como Facebook, Instagram, X, TikTok e YouTube, com o auxílio de ferramentas online.
Gustavo Cardoso foi o sociólogo responsável pela coordenação do projeto, contando com a colaboração de José Moreno, Inês Narciso, Paulo Couraceiro e João Santos na equipa do MediaLab.