Início do julgamento histórico da Operação Marquês
Começa hoje, 11 anos após a detenção de José Sócrates, o julgamento da Operação Marquês, que envolve 21 arguidos e mais de 650 testemunhas.

O julgamento da Operação Marquês, que tem como figura central o ex-primeiro-ministro José Sócrates, teve inicio hoje no Tribunal Central Criminal de Lisboa. Estão em causa 117 crimes, como corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, que serão examinados ao longo de 53 sessões previstas até ao final do ano.
No total, 21 arguidos enfrentam o tribunal, com destaque para os 22 crimes imputados a José Sócrates, incluindo três de corrupção passiva, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal qualificada. Outro dos principais arguídos é Carlos Santos Silva, que, segundo a acusação, foi mandatado por Sócrates para gerir os seus fundos, sendo acusado de 23 crimes.
Entre os réus também se encontra Ricardo Salgado, o antigo presidente do BES, que enfrenta 11 acusações de corrupção ativa e branqueamento de capitais.
O caso é particularmente significativo por ser a primeira vez na história de Portugal que um ex-primeiro-ministro chega ao tribunal. O processo, que se baseia numa vasta acusação do Ministério Público com mais de 4 mil páginas, poderá ainda discutir as testemunhas convocadas, com 225 sugeridas pelo Ministério Público e cerca de 20 pela defesa de cada arguido.
As sessões terão lugar no sexto andar do Campus da Justiça, equipadas com toda a tecnologia necessária para garantir a transparência do processo, incluindo sistema de som e transmissão para as salas de imprensa.
O início do julgamento apenas foi confirmado em março deste ano, após uma decisão do Tribunal da Relação de Lisboa que reavaliou os crimes inicialmente excluídos na fase de instrução.