Injeções para emagrecimento ligadas a riscos graves para a saúde

As injeções frequentemente utilizadas para a perda de peso, que na realidade são destinadas ao tratamento da diabetes, podem estar associadas a riscos sérios, incluindo a possibilidade de pancreatite e, em casos raros, mortes, conforme revela um relatório da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA), noticiado pela Sky News.

Recentemente, foram identificados 181 casos de pancreatite aguda ou crónica relacionados com o medicamento Mounjaro, resultando em cinco óbitos. No que diz respeito ao Wegovy e ao Ozempic, foram reportados 113 casos de pancreatite, com um óbito associado. Outros medicamentos da mesma classe também apresentaram casos semelhantes, embora em menor número.

Ainda que esses dados sejam preocupantes, a MHRA sublinha que não existe evidência suficiente para estabelecer uma relação direta entre os medicamentos e as fatalidades, e uma restrição no seu uso não está prevista por enquanto. Este cenário é complexo, uma vez que a pancreatite pode ocorrer em pessoas que não fazem uso destes medicamentos, registando-se cerca de 560 casos por milhão na população geral, sendo os cálculos biliares e o consumo de álcool as principais causas.

Em resposta a esta situação, a MHRA e a Genomics England vão iniciar um estudo para avaliar se certos perfis genéticos colocam alguns indivíduos em maior risco de desenvolver pancreatite ao tomarem medicamentos GLP-1. As pessoas que tiverem pancreatite durante a administração das injeções serão convidadas a participar e a fornecer uma amostra de saliva para testes genéticos.

Matt Brown, diretor científico da Genomics England, afirma que, embora os medicamentos GLP-1 como Ozempic e Wegovy tenham sido frequentemente destacados na média, é crucial reconhecer que todos os medicamentos têm potencial para efeitos secundários graves. Ele acredita que a personalização na prescrição poderá ajudar a minimizar esses riscos.

Os sintomas comuns de pancreatite incluem dores intensas na região abdominal, febre e náuseas. Os casos mais graves requerem hospitalização, onde os pacientes recebem fluidos e oxigenoterapia, com uma recuperação esperada geralmente em poucos dias. No entanto, complicações podem surgir, com cerca de 5% dos casos agudos podendo ser fatais.

Em relação ao Ozempic, o médico Atul Sardana mencionou alguns efeitos secundários típicos que incluem náuseas, diarreia ou obstipação, dor abdominal e fadiga, possivelmente devido à diminuição da ingestão alimentar. Problemas renais e inflamação do pâncreas também podem ocorrer, muitas vezes exacerbados por desidratação, vómitos e diarreia.