Jovens na Machava clamam por mudanças em Moçambique

No exterior do emblemático Estádio da Machava, que acolhe as festividades pelos 50 anos de independência de Moçambique, Matilde Matsinhe, vendedora de 35 anos, destaca que o seu negócio vai de vento em popa. "Chegámos ontem [terça-feira] às 07h00 para garantir espaço para os clientes, e o nosso trabalho está a resultar", afirma.

Matilde, que passou a noite no local, proveniente do bairro T-3, na Matola, observa a multidão que cresce, mas expressa a esperança de um país que transforme a sua realidade. "É fundamental que a atenção se volte para os jovens e que sejam criados mais empregos", reclama.

"Precisamos de oportunidades, organizem mais feiras ao longo do ano para os jovens, não apenas nos feriados. Se houvesse um sistema de microcréditos para jovens empreendedores, em especial para mulheres, tornaria a manutenção de um negócio mais viável", sugere Matilde.

Entre os muitos presentes, está Jaime Sebastião, de 37 anos, que faz parte da Polícia da República de Moçambique (PRM). Ele também decidiu aproveitar a ocasião para vender produtos. "Estou aqui desde as 04h00 para proteger a minha banca, e por muito que os 50 anos de independência sejam uma conquista, ainda há muito a alcançar", reflete.

Jaime anseia por "muita mudança, queremos oportunidades para os jovens. Todos aqui são jovens à procura de um futuro melhor, pois é difícil fazer face às necessidades".

Alice Muchanga, do bairro Zona Verde, também participa com a sua banca de frangos, sopas e bebidas. Ela avança confiantes, desejando que "tudo mude para melhor" e que a paz prevaleça no país.

Da sua parte, Jorge Joaquim, de 24 anos, que trouxe o seu negócio do bairro Patrice Lumumba, é claro: "O meu sustento vem deste trabalho, que utilizo para financiar o meu curso de informática. O nosso país tem muito potencial, mas precisamos de mais oportunidades de emprego para jovens interessados em empreender".

Hoje, Moçambique celebra meio século de liberdade com uma cerimónia oficial na capital, presidida pelo líder do país, Daniel Chapo, contando com a presença de 32 chefes de Estado, incluindo o português Marcelo Rebelo de Sousa.

As comemorações acontecem no mesmo local onde Samora Machel proclamou a independência em 25 de junho de 1975, após uma longa luta contra o colonialismo português que começou em 1964.