"Ossufo Momade critica 50 anos de Moçambique assinalados por fraudes eleitorais"
No balanço dos 50 anos de independência, o líder da Renamo sublinha a necessidade de eleições justas e denuncia um Estado falhado, clamando por mudanças para um futuro melhor.

O líder da Renamo, Ossufo Momade, fez fortes declarações numa conferência de imprensa realizada em Maputo, onde abordou os 50 anos de independência de Moçambique, a serem celebrados a 25 de junho. Momade argumentou que este meio século foi caracterizado por fraudes eleitorais e por um "Estado falhado". A sua mensagem enfatizou a urgência de criar condições para que as próximas eleições sejam, de facto, transparentes e permitam uma efetiva alternância do poder.
"Após 50 anos, é imprescindível que Moçambique se comprometa com a independência económica e isso começa pela realização de eleições livres e justas", afirmou Momade. O líder da Renamo criticou as eleições desde 1994, que segundo ele, foram manchadas por irregularidades que distorcem a vontade expressa nas urnas.
A Renamo, que já foi a principal força de oposição no país, viu o seu número de deputados reduzir drasticamente, passando de 60 para 28 nas últimas eleições, com o partido Podemos a emergir como a segunda força politicamente relevante. Momade denunciou ainda a necessidade de uma despartidarização do Estado e de um combate sério à corrupção.
Acusou Moçambique de ser uma nação instável, destacando a violação dos direitos humanos e a emergência de problemas sociais, como a escassez de alimentos e água potável. "O transporte público é inadequado, as infraestruturas estão em decadência e o acesso a serviços de saúde e educação falha em contribuir para o bem-estar da população", lamentou.
Momade também lembrou que a celebração dos 50 anos de independência ocorre num momento em que o país enfrenta uma rebelião armada em Cabo Delgado, solicitando ao Governo medidas efetivas para combater uma onda de violência e crimes, incluindo ráptos e assassinatos.
Por fim, referiu que a Renamo vive um momento difícil, tendo ele próprio obtido apenas 6% dos votos nas eleições presidenciais de outubro de 2024, o menor resultado desde a fundação do partido. A história de Moçambique, marcada por uma guerra civil e pela luta pela paz, é um pano de fundo complexo para o desafio atual dos líderes e da sociedade moçambicana.