Quénia: Proibições de Cobertura dos Protestos e Tensões nas Ruas
A polícia queniana utiliza gás lacrimogéneo e balas de borracha contra manifestantes em Nairobi, enquanto autoridades proíbem transmissões ao vivo das diligências, no aniversário de violentos protestos.

A polícia do Quénia enfrentou hoje centenas de manifestantes que se reuniram no centro de Nairobi, dispersando-os com gás lacrimogéneo. Em resposta à crescente tensão, as autoridades ordenaram a todas as estações de rádio e televisão que interrompessem a cobertura ao vivo dos protestos.
Neste dia que marca o primeiro aniversário das manifestações que resultaram em violentos confrontos e 70 mortos, os manifestantes afirmaram à agência de notícias EFE que estão a ser alvo de munições reais, e que a polícia fez uso de canhões de água e balas de borracha.
Uma das manifestantes, Stepahnie, de 24 anos, explicou: "Estamos aqui para homenagear aqueles que morreram no ano passado. E também aqui para pedir ao Presidente William Ruto que ponha fim a essa violência."
O protesto, que começou pacificamente, rapidamente se intensificou com alguns manifestantes a lançarem pedras em direção à polícia, que enviou agentes montados e um helicóptero de vigilância para controlar a situação.
O ex-presidente do Supremo Tribunal, David Maraga, foi um dos que foram afetados pelo gás lacrimogéneo enquanto se juntava à multidão. Anteriormente, havia apelado à realização de protestos pacíficos, afirmando: "Precisamos de restaurar este país. O papel da polícia é proteger as pessoas, não interromper manifestações pacíficas."
Enquanto a situação se agravava, o ex-vice-presidente queniano Kalonzo Musyoka e outros líderes da oposição depositaram flores em memória dos jovens da "geração Z" que perderam a vida no ano passado.
As vias de acesso ao Parlamento permanecem bloqueadas com barricadas de arame farpado, e centenas de manifestantes também cortaram a estrada de Thika, uma importante ligação entre Nairobi e uma cidade industrial próxima.
De acordo com os relatórios das autoridades locais, mais de 20 dos 47 condados do país estão a registar manifestações de várias dimensões.
Em declarações, o diretor-geral da Autoridade de Comunicações do Quénia, David Mugonyi, justificou a proibição das transmissões ao vivo, afirmando que a cobertura viola a Constituição do país. "O não cumprimento desta ordem resultará em consequências regulatórias", advertiu, referindo-se à Lei de Informação e Comunicações do Quénia de 1998.
Este dia marca o primeiro aniversário de protestos que se desenrolaram entre junho e agosto de 2024, quando jovens da "geração Z" se opuseram a um aumento de impostos, culminando em confrontos em várias cidades e levando a um ataque ao Parlamento, onde a polícia disparou contra os manifestantes.