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Recorde de Chamadas Abandonadas no INEM Durante Greve Abarca Sistema de Emergência

No dia da greve, mais de 50% das chamadas para o INEM foram abandonadas, destacando o impacto nas emergências. Relatório revela aumento significativo na carga de trabalho e tempos de espera elevados.

há 5 horas
Recorde de Chamadas Abandonadas no INEM Durante Greve Abarca Sistema de Emergência

No dia 4 de novembro de 2024, as chamadas para o INEM atingiram um nível alarmante de abandono, com mais de metade das 7.326 tentativas de contacto a não serem atendidas, conforme um relatório recente da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). A análise, solicitada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, teve como objetivo avaliar os efeitos das greves que ocorreram no final de outubro e início de novembro na capacidade de resposta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

A greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), que começou a 30 de outubro e abrangeu horas extraordinárias, coincidiu com uma paralisação geral da administração pública no dia 4 de novembro. Este dia específico foi identificado pela IGAS como o que causou mais perturbações na operação dos CODU.

Durante este dia crítico, 4.816 chamadas não foram atendidas, em contraste com as 2.510 que conseguiram ser respondidas. Em comparação, no ano anterior, a taxa de abandono rondava apenas os 4%, evidenciando um aumento dramático do problema. O tempo médio até ao abandono das chamadas foi de cerca de 8 a 9 minutos, refletindo o colapso do sistema de emergência.

O relatório destacou ainda que, na manhã e tarde do dia 4, a maioria dos telefonemas realizados à linha de emergência 112 acabaram por ser abandonados, sublinhando a incapacidade do serviço em responder adequadamente à elevada demanda. Ao longo do dia, o CODU enfrentou o maior volume de chamadas recebidas, atingindo um total de 7.326, quase o dobro das chamadas do mesmo período em 2023.

Além disso, a IGAS observou que a carga de trabalho dos operadores aumentou drasticamente, com uma média de 130,8 chamadas por operador durante o turno da manhã, em comparação com apenas 41,4 chamadas no ano anterior. O impacto dessa sobrecarga levou a um aumento no tempo médio de atendimento, que disparou 643% no turno da noite e 3.897% no turno da tarde.

O relatório também estimou que cerca de 467 chamadas correspondentes a situações críticas foram abandonadas, levantando preocupações acerca da resposta a emergências de máxima prioridade. Embora os responsáveis do INEM tenham argumentado que as situações não atendidas não indicam uma falha na assistência — mencionando contatos diretos com os bombeiros, a realidade das chamadas abandonadas persiste.

O sistema de ‘callback’ também demonstrou ser ineficaz, com apenas 3,11% das chamadas não atendidas a receber retorno. A IGAS verificou também que não foram cumpridos os serviços mínimos estipulados durante a greve em relação ao efetivo de TEPH disponíveis.

Após a desconvocação da greve, as operações do CODU melhoraram significativamente, com uma redução de 93% nas chamadas abandonadas e um aumento de 11,6% no atendimento. O acesso às informações sobre os pré-aviso de greve foi criticado, uma vez que não foram comunicados ao INEM, prejudicando a preparação para a paralisação.

Recentemente, a ministra da Saúde anunciou que o INEM passaria a estar sob a sua supervisão direta, visando restaurar a confiança da população no sistema de emergência. A IGAS investiga ainda a ligação entre 11 mortes e os atrasos nos atendimentos durante as greves, realçando a gravidade da situação que ocorreu.

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