Rússia critica decisão do Irão de interromper colaboração com a AIEA
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros manifestou descontentamento com a decisão do Irão de suspender a sua colaboração com a AIEA, sublinhando a importância do diálogo neste contexto delicado.

A Rússia expressou a sua desaprovação em relação à decisão do Irão de suspender a colaboração com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou durante uma conferência de imprensa: "Desejamos que a cooperação entre o Irão e a AIEA prossiga, e que haja respeito pela declaração reiterada do Irão, que tem afirmado não possuir nem visar a produção de armas nucleares."
A suspensão da cooperação foi aprovada hoje pelo parlamento e pelo Conselho dos Guardiões do Irão, necessitando apenas da assinatura do Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, para que a mudança entre em vigor. Esta decisão surge após uma guerra de 12 dias entre o Irão e Israel, que resultou em ataques às instalações nucleares iranianas por forças israelitas e norte-americanas.
As entidades políticas iranianas decidiram suspender a colaboração com a AIEA em resposta à falta de condenação por parte da agência às agressões contra o país. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baqaei, adiantou que a cooperação "será inevitavelmente afetada".
A AIEA frisou que é prioritário retomar o acesso às infraestruturas do programa nuclear iraniano, principalmente após os bombardeamentos de três locais nucleares por parte dos Estados Unidos no último fim de semana. O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, já comunicou ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão a necessidade de discutir visitas técnicas para averiguar a situação, especialmente sobre o destino de 408 quilos de urânio altamente enriquecido.
Na sua última declaração, Grossi expressou a sua preocupação com a hesitação do Irão em permitir inspeções após os recentes ataques, enfatizando que a presença da AIEA "não é um gesto de generosidade", mas sim um dever legal e uma responsabilidade internacional do Irão como membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
A Rússia, através da sua agência de energia atómica Rosatom, mantém uma presença significativa em solo iraniano, com centenas de especialistas a trabalhar na central nuclear de Bushehr.