A iminência de um conflito nuclear global: a análise de Paulo Portas
Paulo Portas alerta para a tensão crescente entre potências nucleares no Médio Oriente, reiterando o grave risco de uma escalada mundial.

Paulo Portas, ex-ministro da Defesa de Portugal, expressou a sua preocupação sobre a situação atual entre Israel e Irão, afirmando que “estamos à beira da guerra”. Ele destaca que a gravidade do conflito se intensifica pela presença de três potências nucleares: os Estados Unidos, Israel e o Irão, que aspira a desenvolver um programa nuclear.
Na sua intervenção na TVI, Portas afirmou: “Esta situação é alarmante, uma vez que temos a segunda maior potência nuclear do mundo, os Estados Unidos, já ativos no cenário, juntamente com Israel, que possui armamento nuclear de forma não declarada, e o Irão, que busca juntar-se a este grupo.” O analista sintetizou o contexto no Médio Oriente como uma “guerra entre potências nucleares e uma nação que ambiciona ser uma delas”.
O ex-governante alertou ainda para a possibilidade de este conflito “escalar rapidamente para uma guerra mundial”, sublinhando que atualmente, “qualquer esforço de mediação por parte de instituições como as Nações Unidas ou a União Europeia pode ser considerado irrelevante”.
Portas reconheceu a “extraordinária coordenação” entre os EUA e Israel, mas não hesitou em criticar a situação política, observando que “o primeiro-ministro israelita parece definir a política externa americana”.
Referindo-se ao ataque recente dos Estados Unidos às instalações nucleares de Fordow, o comentador advertiu que “se o Irão obtiver armamento nuclear, será um problema sério, pois perder-se-á o controlo sobre a proliferação nuclear”. Destacou ainda que existem dois países muçulmanos na corrida para se tornarem nucleares, referindo-se à Arábia Saudita e à Turquia.
Portas acentuou que, embora o Irão não goze de grande popularidade na região, possui uma “ambição doutrinária sem precedentes”, e acrescentou que o país se encontra debilitado devido a ações de natureza imperialista e ao apoio a grupos armados em nações vizinhas, o que o levou a uma situação de fragilidade nos últimos anos.
O conflito em foco
O confronto entre Israel e Irão intensificou-se a 13 de junho, quando Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irão, com o objetivo de deter o seu programa nuclear. Apesar de o Irão negar o desenvolvimento de armas nucleares, o receio acerca do uso de armamento nuclear num potencial conflito global preocupa a população portuguesa. Um estudo de opinião revela que os portugueses são os europeus mais preocupados com a ameaça nuclear, uma situação que reflete uma nova sensação de ansiosidade em todo o continente.
"Um número crescente de europeus está a despertar para a realidade de viver em um mundo em transformação. Apesar de o receio de um ataque russo à NATO variar entre países, o medo de uma conflagração nuclear é a preocupação predominante", concluiu o Conselho Europeu das Relações Externas no estudo recente.