A utilização da Base das Lajes pelos EUA não levanta preocupações, afirma João Soares

Na noite de domingo, durante uma aparição no telejornal da RTP1, João Soares, antigo ministro da Cultura, afirmou que a presença de mais de uma dezena de aviões reabastecedores da Força Aérea dos EUA na Base Aérea das Lajes, na Terceira, Açores, antes do ataque dos EUA às instalações nucleares do Irão, não deve ser considerada anormal.

“É importante que a informação chegue às autoridades portuguesas, aos partidos da oposição e ao Governo regional, mas na verdade não houve nada fora do normal”, defendeu Soares, argumentando que esta é uma situação recorrente ao longo de várias décadas.

O ex-ministro explicou que um acordo militar, estabelecido nos anos 40 com os britânicos para a Base de Santa Maria, foi posteriormente transferido para a Terceira por razões de estratégia aeronáutica.

Soares expressou lamento pela “inexistência da Europa” num contexto internacional e alertou que a falta de um interlocutor forte europeu é “constrangedora”. “Ainda acredito no projeto europeu, que é uma das maiores conquistas do último século, mas a verdade é que não temos o devido peso”, afirmou, mencionando António Costa e António Guterres como figuras que, na sua opinião, poderiam ter um impacto mais significativo nas suas funções internacionais.

Partidos portugueses, incluindo PS, Livre, BE e PCP, manifestaram a sua preocupação e solicitaram esclarecimentos ao Governo sobre a utilização da Base das Lajes para as aterragens dos aviões norte-americanos, antes do ataque ao Irão, acusando o Executivo de ser “cúmplice” na escalada do conflito no Médio Oriente.

O Ministério da Defesa esclareceu que as operações realizadas não envolviam meios de combate, mas sim aviões de transporte.

Uma fonte do Departamento de Defesa dos EUA afirmou que o comando europeu acolhe frequentemente aeronaves militares em regime transitório, conforme acordos de cooperação com aliados e parceiros.